13 setembro 2006


Longe daqui foste um anjo que me levou nos meus melhores idílios.
Longe daqui foste o ar que me fez respirar.
Longe daqui foste quem me deu as noites tranquilas nos braços dos anjos e do teu amor, em horas em que te entregavas quase todo, e em que eras quase todo meu.
Apenas quase todo. E me fazias quase sentir, quase toda amada, quase toda apenas por ti.
E apenas, quase toda, me fingia sentir toda feliz.
E longe daqui fizeste-me sonhar nas noites em que chegavas e tomavas-me por tua e cuidavas-me pelas noites adentro e me fazias tua, só as vezes sem conta, que queríamos, e, em que me protegias as noites e os sonhos dos gigantes de pernas longas que tantas vezes me vêem buscar.
Mas agora afugentaste-os de vez.
Perdi-os.
Mas tu foste com eles.
Já não tens do que me salvar.
E por isso foste.
Salva-me de mim própria.
E volta.

08.09.2006

Eu sei que quando me conheceste esperaste mais de mim.
Muito mais.
No fim eu não sou mais que um ser humano. Igual a todos os outros, especial o suficiente para que olhasses para mim naquela noite.
Mas não sou mais que os outros todos. Sou igual.
Cometo erros.
Mas este teu mau hábito de não me deixares ruir. Não me deixares cair de uma vez por todas e ficar estatelada no chão, como se não passasse de chuva caída do céu ou de lágrimas gigantescas choradas por alguém que me esqueceu.
Mas não. Achas que tenho de ser melhor e esperas demais de mim.
Sou igual. Sou igual.
Assume esse meu grito de independência – e vulgaridade – e aceita-o.
Mas aceita que eu não sou inatingível. Aceita que eu sou igual a toda a gente e tenho dores e tenho sentimentos que me fazem querer voltar atrás e que me fazem querer apenas cair no chão e deixar-me ser espezinhada por todos os outros como se eu apenas não existisse, apenas.
Porque sei que nalguns dias ninguém dá pela minha presença.
Não sou quase nada.
Mas tu não deixas.
E eu mantenho-me em pé, feito um soldadinho de chumbo. Mas já sem forças.
Deixa-me apenas chorar.
Gostaria que por vezes aí estivesse apenas para me limpares as lágrimas.
Já me viste chorar?
Deixa-me apenas chorar.

08.09.2006

12 setembro 2006


O que tu chamas de acomodar, eu chamo apenas de medo.
O que tu chamas de falta de coragem, eu chamo apenas de pavor de ser infeliz.
O que tu me dizes sempre, e quase todos os dias em partilhámos os minutos na voz um do outro… é verdade.
Mas a minha verdade, embora outra, também é válida.
E tens de aceitar.
Eu sou diferente.
O medo faz parte de mim.
E impede-me de ir mais além.
Mas eu sou assim.
E agora?
Se eu não mudo, tu não me aceitas?

08.09.2006

Esta noite acordei.
E é sempre durante a noite em que te recordo mais profundamente.
E esta noite cheguei a uma conclusão. Por mais que sonhe, por mais que me iluda, por mais que pense nisso, o tempo não voltará atrás.
Portanto, por mais que eu julgue isso um sonho ainda possível um dia nos meus melhores sonhos, apenas em sonhos, jamais te voltarás a enredar durante a noite nos meus braços para eu te dizer que te amo.
Não voltarás a tapar-me a boca com a tua, enquanto me sai um gemido abafado, implorando-te que me digas que me amas.
Não voltarás a ouvir da minha boca o sussurro: “Diz que me amas, diz apenas hoje que me amas”.
Não voltarei a segredar-te ao ouvido as palavras magicas que me fazem sentir apaixonada por ti e sentir-me a voar sobre a tua montanha.
Acima de tudo, jamais voltarei a partilhar os meus segredos com a tua pele. Não a voltarei a sentir.
Não me voltarás a aquecer nas noites de profunda solidão e de tristeza e não me voltarás a encantar. Não me voltarás a fazer sorrir quando te sentia a meter as chaves à porta e te vejo os contornos na porta do quarto, imaginando o teu sorriso por baixo do manto da tua escuridão. Aquela escuridão que te envolve, sempre.
E não mais voltarei a dormir quietamente nos teus braços.

08.09.2006

11 setembro 2006


“Todas as cartas de amor são ridículas”, dizia o Fernando Pessoa, o grande poeta.
Será que ele me adivinhou no mais íntimo do meu ridículo, eu, que não paro de te escrever cartas de amor sofrido todos os dias da minha vida?
Todas aquelas que partilho com o mundo e aquelas que partilhei com imensas folhas da vida, de cadernos e de sonhos em palavras meias ditas e caladas pela minha boca enquanto te olhava e virava a cara para o lado?
Existem montanhas no meu caminho que não foram feitas para subir, apenas para serem contempladas.
Tu és uma delas. Aquela que apenas devo mirar, medir e amar. Ao longe.
Em cada tentativa de escalada acabo estatelada no chão no mais doloroso exercício de recomeçar.
Do inicio.
Descobri que afinal as minhas cartas são mesmo ridículas. Mas ainda assim tenho necessidade de chorar em todos os papéis ou apenas em ouvir as teclas do computador a bater e assim poder sentir que estou mais perto de te ouvir um dia dizeres-me.
Amo-te.
Quão ridícula poderei ser mais?
Amo-te.
Ainda não ouvi.
Amo-te.

2.09.2006

10 setembro 2006


Passaram os anos.
E hoje quando olho para ti vejo que não és a mesma pessoa.
Mudas-te. E eu também. E já não nos reconhecemos nos jovens inconsequentes e cheios de sonhos e esperanças num futuro à medida das nossas ilusões.
Não te reconheço.
Mas também nunca te reconheci.
Imaginei-te mais do que foste na realidade.
Sonhei-te mais do que eras na verdade.
Nunca correspondeste ao estereótipo de amante à medida do que eu tinha para viver.
Mas sempre fiz de conta que não via o que estava à vista de todos.
E o preço que paguei por isso foi algo elevado.
Mas fiz as escolhas e matei as esperanças. As ilusões esmoreceram no caminho. Qual rosas secas sob um sol ardente de um deserto que sempre foste, mas no qual me mergulhaste nos últimos anos.
Perdi. Quase todas as batalhas. E a guerra.
Sequei.
As minhas rosas secaram.
Passaram-se os anos e nunca aprendeste a tratar do meu jardim.
Passaram-se os anos e deixei de te reconhecer na minha ilusão.

03.09.2006
Tudo o que tu não me deste é parte de uma história que nenhum dos dois não poderá construir com outras pessoas.
Mas tudo que demos um ao outro, aquilo que nos partilhou será jamais dado a outros.
Foste um sol na minha vida. Mas também foste uma noite escura e sofrida.
Foste uma fogueira nos meus sentimentos. Mas foste também um bloco de gelo que me queimou.
Nem sempre estive ao teu lado, é verdade. Mas sabias que eu estava sempre por perto.
De vez em quando sabes, e bem, que tinha necessidade de me afastar e de me convencer de que não te amava tanto como era na realidade, e, recarregar as baterias da minha solidão.
Sabes disso, sempre soubeste.
Tu próprio sempre fizeste o mesmo.
Desaparecias durante dias a fio que a mim não me pareciam senão apenas anos sem a tua presença.
Sem o teu som. Sem o teu cheiro.
Sem a tua presença liquida em mim. Sem palavras. Apenas sem os sorrisos. Apenas sem a tua mão esticada e aberta sobre a minha face.
Agora não me resta nada mais que sonhar.
Mas recordar faz parte da vida.
E agora não verto mais lágrimas de sofrimento.
Apenas de saudade. E aqui e ali. Já não sempre.

Vais estar sempre na minha vida. Sempre.

1.09.2006

Hoje ouvi a tua voz.
Hoje falei contigo ao telefone.
E sei pela lógica de quem te conhece, aparentemente de forma tão superficial, que não darás o primeiro passo.
Sei que não me tentarás jamais dar a mão. Tocar com um dedo que seja. Nem o roçarás por mim.
Assim, como quem o faz sem querer.
Mas oiço a tua voz. E não deixo de sonhar.
A minha alma quase inteira fica dependurada da lua das tuas palavras. Do teu estado de espírito. Do teu sorriso que adivinho do outro lado do telemóvel.
E nunca me ligas. E nunca me respondes.
Não sei se alguma vez pensaste em mim de alguma forma que seja.
Mas hoje ouvi a tua voz. E não pude deixar de pensar que sim, que tenho saudades de pensar em ti e de sonhar com sonhos impossíveis que nunca se concretizam.

18.08.2006

07 setembro 2006


Spend all your time waiting
for that second chance
for a break that would make it okay
there's always one reason
to feel not good enough
and it's hard at the end of the day
I need some distraction
oh beautiful release
memory seeps from my veins
let me be empty
and weightless and maybe
I'll find some peace tonight
In the arms of an angel

fly away from here
from this dark cold hotel room
and the endlessness that you fear
you are pulled from the wreckage
of your silent reverie
you're in the arms of the angel
may you find some comfort there
So tired of the straight line

and everywhere you turn
there's vultures and thieves at your back
and the storm keeps on twisting
you keep on building the lie
that you make up for all that you lack
it don't make no difference
escaping one last time
it's easier to believe in this sweet madness oh
this glorious sadness that brings me to my knees
in the arms of an angel
fly away from here
from this dark cold hotel room
and the endlessness that you fear
you are pulled from the wreckage
of your silent reverie
you're in the arms of the angel
may you find some comfort there
you're in the arms of the angel
may you find some comfort here.

"Angel" de Sarah McLachlan

05 setembro 2006


Perdi a esperança de te encontrar as pegadas na nossa praia.
Deixei de falar. Deixei de sorrir. Deixei de ser feliz. Deixei de sonhar. Deixei de me iludir. Deixei de me pintar. Deixei de me pentear.
Estive à espera que tu voltasses.
Primeiro, cheia de calma.
Depois usei de todos os meus subterfúgios… mas nenhum surtiu efeito…
Descobri que a espera não me levou a lado nenhum.
Fez-te ficar cada dia mais ausente da minha vida, da minha presença até não ser mais que uma ténue lembrança dos teus pensamentos mais vagos e enevoados.
Até não ser nada mais.
E um dia olhei e não tinha já a esperança.
E vagueei pelo areal da nossa praia.
E já nem as tuas pegadas me levam a ti.
Elas já não existem.

2.08.2006

Hoje voltei a ouvir uma música que não ouvia há tantos anos.
Desde quando era apenas uma miúda cheia de sonhos e acreditava mesmo que seria feliz.
Que a felicidade seria eu a fazê-la.
Esta música faz-me chorar o coração e a alma.
Eu amei-te tanto. Amei-te mesmo tanto, tanto.
Enchi noites e vidas de amor por ti.
Enchi sois e luas de música para te embalar os dias e adormecer-te as noites.
Sabes que estive sempre aqui.
Mas cresci.
E já não me bastam as noites em que me vens abraçar e encher a cama e os braços dos teus carinhos imaginários.
E eu amo-te tanto, tanto, tanto.
E não me basta já isso apenas.
A minha vida ficou manchada de dores que não mereci. Os meus sonhos foram destroçados por raivas que não deveria ter tido.
Mas sobrevivi a tudo e a todos.
Até a ti.
E quando um dia olhei para o lado, não estavas lá. Nem a tua sombra, nem a tua presença.
Apenas eu. Sozinha. Com a vida a terminar-me entre os dedos. Presa apenas pelo fio da imaginação em que te sonhava a chegar-me no horizonte naquela nossa praia.
E em que te dizia, Amo-te tanto, mas tanto, tanto.

1.09.2006

04 setembro 2006


A felicidade roubada ao teu lado.
Não tive direito a ela.
Não paro de continuar a procura na nossa praia.
A esperança de te ver surgir no horizonte.
A dor de te ver desaparecido do meu olhar, da minha vida, das minhas noites, dos meus sonhos e das minhas ilusões.
A minha raiva de seres mais nada que apenas dor.
A felicidade que não tinha direito, vivi-a ao teu lado. Roubei-a ao destino.
E agora?

02.09.2006

Se não sonhar, tanto, conseguirei ir mais além.
Se não esperar, tanto, de todos, chegarei mais adiante.
Se não me iludir, demasiado, terei mais respostas.

Talvez... Talvez... Talvez...

Mas não sou assim.

Porque não encontro quem fale a minha língua?
Porque não encontro alguém que me descubra no meio da multidão?
Porque não encontro alguém que me veja?

Porque...? Porque...? Porque...?

Porque simplesmente eu não sou assim.

03.09.2006

São apenas palavras.
Quebras-me a vida, a memória, o corpo e a alma.
Cansei-me.
Evita trocar um olhar que seja comigo.
Abandona-me.
Deixa-me sem o teu sémen, sem ti e sem o teu corpo.
Deixa-me sem sonhos.
Mas deixa-me.

03.09.2006

03 setembro 2006


A solidão de estar só pesa-te forte sobre os ombros, a solidão de estar só fecha-te os olhos e a vida para aquilo que não te permitiste sentir e viver na vida de todos os dias, ou apenas na vida que podes ter alguns dias na vida.
É inútil tentar resgatar-te dessa solidão, que é um mar que te rodeia, e onde te deixas ser apenas uma ilha dessa imensidão.

01.09.2006

Cerrar-te os lábios com os meus, numa esmagadora vontade de te amar.
Mas apenas dizendo-te, cala-te.
Abraçar-te o corpo e a alma, sentir-te o âmago do teu mais recôndito ser.
Mas apenas dizendo-te, afasta-te.
Dizer-te para permaneceres sempre e para sempre na minha vida e partilhar.
Mas apenas dizendo-te, sai.

E tu calaste-te.
E tu afastas-te.
E tu saíste.

E eu fiquei aqui. Apenas com o resto da minha vida.

02.09.2006

02 setembro 2006


Já te disse que o teu bem estar é deveras importante para mim? Não, pois não?
Pois, mas é… é mesmo verdade.
Por isso peço-te, seca essas lágrimas de dor, apaga esse sorriso sarcástico da boca, devolve-lhe o teu riso franco, não faças de conta que não te dói a vida e os seus atropelos.
Conheço-te tão bem. Melhor do que a mim, por vezes.
Reconheço-te esse teu riso nervoso, fingido de desprendimento.
É esse teu ar nervoso que te denuncia. É essa escuridão no fim do teu olhar que eu entendo.
Procura no fundo dos teus bolsos dos teus sonhos um pequeno pedacinho de esperança.
A esperança de que este momento vai passar.
Não posso aliviar-te da dor, não consigo.
Mas posso estar ao teu lado.
Porque és importante para mim.

23.08.2006

Hoje não me vens tu resgatar do medo e do ódio que grassa na minha vida, no meu coração, na minha consciência, nos meus sonhos, nos meus pesadelos e na minha ilusão.
Nas minhas esperanças.
Hoje abandonaste-me, ou abandonei-te, definitivamente. Fechamos uma porta que à muito mantínhamos aberta para a eventualidade das agressões subirem um grau acima e termos sempre uma hipótese de fuga em aberto.
Hoje não te dei os meus melhores beijos.
Mas deixei-te plantado, no coração, os meus piores ódios.
As minhas maiores raivas.
Partilhei-as contigo, rasgadas de dor e de ternuras partidas.
Hoje quebrei-me.
Deixei-te quebrado.
Mas de que me vale isso se também não me sai inteira?

01.09.2006

O meu coração está preso, enclausurado numa prisão.
Sabes onde fica?
Na tua boca, nos teus lábios, no teu corpo, na tua vida.
No teu sorriso. O teu sorriso faz-me viver a vida. A tua, a minha. Todas as que foram possíveis alcançar. Do teu sorriso.
Vem, dança comigo esta dança, só esta dança. Sente o meu corpo a latejar pelo teu. No teu. Sente o meu corpo a pedir ao teu, mais um passo, apenas mais uns segundos de me sentires. De te implorar por mais uma pequeníssima fracção da eternidade comigo a sentir-te nos meus braços, outra vez. Sempre, só, mais uma vez.
Vem fazer amor.
Vem fazer amor.
Vem fazer só amor mais uma vez. No chão, na cama, onde tu me quiseres.
Mas vem fazer amor.

28.08.2006
No meio de tanta gente igual a mim, admite, não me distingues de ninguém.
Está alguém aí?
02.09.2006

01 setembro 2006


Talvez daqui a uns anos eu não me recorde de ti, quase todos os dias. Talvez daqui a uns anos eu passe muitos dias sem te lembrar.
Cada vez menos sinto o teu cheiro na rua quando caminho por entre as pessoas.
Será com certeza assim, é o passar do tempo. Fará isso tudo em mim e mais depressa em ti.
Já não acordo durante a noite a sentir-te na cama abraçado a mim, já não acordo de madrugada, ofegante, por estar quase a fazer amor contigo na cama que não partilhamos há anos.
A solidão afasta de mim todos as lembranças más que nos afastaram, atenuou as discussões, fez esboroar a sensação de não ser amada.
E mesmo daqui a uns anos, quando sentir aquela fragrância tua, tão peculiar, a cheirar a pele e couro, vou virar a cabeça e vou-te procurar, porque sei que naquele segundo estarei também na tua memória.
E ambos olharemos para o céu e para um ponto qualquer que nos faça lembrar do mar.
E vamos saber ainda a que sabia termo-nos nos braços um do outro.
Tenho saudades tuas.

26.08.2006