Cartas soltas de sentimentos com estórias e de estórias com sentimentos,
Olá, como vais? Eu vou bem. Como sempre. Sabes, sinto falta de ouvir um riso. Não um riso qualquer. Aquele riso que me fez deambular pela vida e enforcar a ilusão, esse já não faz parte dos meus sonhos actuais, actualizados e constantes. Sinto falta de um riso presente na minha vida, assim como sinto falta de uns braços que me embalem nas noites de maior solidão. E também nas de maior partilha. E, depois de uns dias reconfortantes e distantes de toda a convulsão citadina e permanente da minha vida, cheguei à conclusão que embora definitivamente saiba sobreviver sozinha, é tão melhor quando temos com quem dividir. Dividir o fresco lavado dos lençóis. O quente da água que jorra do chuveiro solitário apenas para mim. A perna, abandonada, debaixo da mesa. A mão largada sobre o sofá enquanto ouve a música após o jantar faustoso. A boca sedenta que não tem a quem beijar e dividir os carinhos que a faz esbelta. Estes dias de solidão acompanhada, foram os dias em que me senti a alma a liquidificar-se. E aí, tenho de admitir, por mais que tenha aprendido que sei sobreviver sozinha, e que não morrerei de forma nenhuma, e, ainda alguma, por não amar desalmadamente sempre, e, todos os dias, aprendi que não ter com quem partilhar a minha alma, assim, líquida, de novo, assim, tão perto dos olhos, inunda-me de uma tristeza profunda, também. Menos penosa. Mas enorme. Tão grande como o mar que te leva a outro continente. Entender os sentimentos é sempre uma estrada de muitos atalhos. Cada um entende da maneira que pode, consegue e sente. E nunca é da mesma medida exacta e conforme. Tenho a certeza. Mas não absoluta. Aliás, nunca vejo as coisas da mesma forma que os outros, nunca, ou muito, muito, muito raramente. É por isso que preciso que um dia expliques o teu sentimento. Para to ver com os meus olhos fingindo serem os teus. Se te embaraças e nesse acto perdes a fala, podes engolir palavras e perdê-las aí dentro, ideais e tão necessárias. E, se tiveres tanto para dizer, que seriam suficientes para eu aconchegar o coração bem pertinho delas? E não aprendas a fazer melhor. Melhor seria sim um sinónimo verdadeiro de te perder nas letras por entre as linhas. A responsabilidade é manteres-te igual. E ainda assim não disse tudo. Mas também não interessa dizer mais. Apenas que gosto. Amei e amo sempre as palavras. E que amo os sentimentos que eram para ser estória. Sem responsabilidades. Apenas com sentimentos.
27.11.2006
Olá, como vais? Eu vou bem. Como sempre. Sabes, sinto falta de ouvir um riso. Não um riso qualquer. Aquele riso que me fez deambular pela vida e enforcar a ilusão, esse já não faz parte dos meus sonhos actuais, actualizados e constantes. Sinto falta de um riso presente na minha vida, assim como sinto falta de uns braços que me embalem nas noites de maior solidão. E também nas de maior partilha. E, depois de uns dias reconfortantes e distantes de toda a convulsão citadina e permanente da minha vida, cheguei à conclusão que embora definitivamente saiba sobreviver sozinha, é tão melhor quando temos com quem dividir. Dividir o fresco lavado dos lençóis. O quente da água que jorra do chuveiro solitário apenas para mim. A perna, abandonada, debaixo da mesa. A mão largada sobre o sofá enquanto ouve a música após o jantar faustoso. A boca sedenta que não tem a quem beijar e dividir os carinhos que a faz esbelta. Estes dias de solidão acompanhada, foram os dias em que me senti a alma a liquidificar-se. E aí, tenho de admitir, por mais que tenha aprendido que sei sobreviver sozinha, e que não morrerei de forma nenhuma, e, ainda alguma, por não amar desalmadamente sempre, e, todos os dias, aprendi que não ter com quem partilhar a minha alma, assim, líquida, de novo, assim, tão perto dos olhos, inunda-me de uma tristeza profunda, também. Menos penosa. Mas enorme. Tão grande como o mar que te leva a outro continente. Entender os sentimentos é sempre uma estrada de muitos atalhos. Cada um entende da maneira que pode, consegue e sente. E nunca é da mesma medida exacta e conforme. Tenho a certeza. Mas não absoluta. Aliás, nunca vejo as coisas da mesma forma que os outros, nunca, ou muito, muito, muito raramente. É por isso que preciso que um dia expliques o teu sentimento. Para to ver com os meus olhos fingindo serem os teus. Se te embaraças e nesse acto perdes a fala, podes engolir palavras e perdê-las aí dentro, ideais e tão necessárias. E, se tiveres tanto para dizer, que seriam suficientes para eu aconchegar o coração bem pertinho delas? E não aprendas a fazer melhor. Melhor seria sim um sinónimo verdadeiro de te perder nas letras por entre as linhas. A responsabilidade é manteres-te igual. E ainda assim não disse tudo. Mas também não interessa dizer mais. Apenas que gosto. Amei e amo sempre as palavras. E que amo os sentimentos que eram para ser estória. Sem responsabilidades. Apenas com sentimentos.
27.11.2006
2 comentários:
Gostei mesmo
Jota:
esta minha carta aberta era dirigida aos meus fantasmas, mas também a algumas pessoas, aquelas que me confundem com os meus fantasmas ainda. Onde tu não estás incluido, como é óbvio, mas de certa forma também era dirigida a ti. Porque foi numa explicação do amar lendo ser ou não sinónimo de amar compreendendo que esta carta começou.
E a alma começou a transmutação do estado sólido para o líquido quando li o sentimento que era para ser uma estória. Depois foi deixar seguir o curso normal da água. E agora é esperar, que o frio não ame altere de novo a alma.
Beijos.
I.
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