A OESTE DESTE CÉU
Não cresças, menina, não -
Hás-de estudar a dor
da primeira ave ferida,
e hão-de vir fuzilar
a tua boneca favorita,
Hão-de quebrar-te o céu dos lábios,
ensinar-te a ser alguém,
até lento vir o abraço de ninguém
dos frios muros de ninguém,
Crucificar-te os ídolos
na mais louca das árvores,
enraivecer-te as noites,
os sonhos e as tardes.
Não cresças, menina, não -
Que a Oeste destas aves,
ser criança é mais Verão.
In "A Oeste deste Céu" de João Mancelos
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