19 julho 2008


Deixa-me sentir o teu corpo a pulsar no meu. Deixa-me sentir a tua boca a molhar-me. Deixa-me pertencer à tua língua, enquanto ela me descobre. Toda. Tua. E, aí, nesse instante de perfeita e incontida loucura, somos uno, num momento de sexo, de perfeito deleite dos nossos corpos, orgasmo de dureza sexual. Deixei de saber escrever. As palavras deixraram de me fluir pela língua, o pensamento deixou de me fazer sentido a partir do segundo em que sorri ao ver a tua figura. Deixei de saber conjugar as letras em frases seguras de sofrimento atroz, a partir do dia em que me fizeste sorrir. Em que me olhaste com olhos de gente e me viste, pela primeira vez, em tantos e longos anos das nossas vidas. Depois de nos cruzarmos vezes sem conta em dias e noites desgarradas umas das outras – as noites – porque os dias foram sempre vazios de nós. E agora que os meus dias estão cheios de sorrisos e de abraços cheios dos nossos corpos já não sei escrever. Pois não se me conjugam frases com coerência – leia-se sofrimento – de nós e de sentido para que se me afigure de beleza incomum pois estou feliz.
A ausência de letra, palavras, frases e rascunhos a rodearam-me significa apenas que me fazes sorrir e que as noites estão cheias de nós. Os dias dos nossos sonhos. E hoje? Hoje a dúvida assaltou-me e não te senti perto de mim. Hoje reescrevi um solitário momento. Hoje. E daqui a pouco?

26.04.2008

3 comentários:

joão marinheiro disse...

Gosto sempre de te ler. Beijo deste lado do mar

http://asfadasnaousambaton.blogspot.com disse...

Amigo João,
Não tenho tido tempo. Mas prometo voltar a navegar em águas calmas.
Espero que breve.

Beijo do tamanho do mundo.

Sempre tua.

I.

Inconstante disse...

Voltei e tu, estás cá?