31 dezembro 2006


Eu hoje só penso em dançar, até à exaustão, até o teu sexo me sentir tão por dentro como por fora de ti. Apetece-me beijar a tua boca, a tua língua, o céu da tua boca, cada poro e tratar por tu cada pêlo da tua barba. Deixa-me fazer um mapa desconhecido do teu pescoço, da tua maçã de Adão, e senti-lo milímetro a milímetro com a minha língua. É ela, a minha língua, que te vai saber mais que as tuas mãos. Tocar-te os ouvidos com a ponta das unhas, leves e suaves, pintadas de paixão, e reconhecer o tom com que me ouves. Vamos fazer uma estória de paixão esta noite. E sentir o tamanho do grito ofegante, de ambos, na boca um do outro.

23.12.2006

30 dezembro 2006


Levo o tempo a prometer que não te voltarei a ligar. Mas volto sempre. Como é claro, sempre que te ligo não te pergunto o que quero saber, nem te forço a dizer o que não quero ouvir. Mas hoje enchi-me de coragem e por isso aqui estou eu. Como é óbvio não te convido para irmos tomar um café. Para mim seria um chá, mas não o faço. Telefonei-te, só e apenas, pois sei bem das minhas limitações e jamais poderia partilhar do mesmo espaço que tu. Sei bem como esse teu sorriso charmoso sempre me desarmou em todas as situações, por mais decidida que eu esteja em te resistir e em te exterminar da minha alma e na minha vida. Falas-me, invariavelmente, nos teus sonhos quebrados, nos teus voos picados terminados abruptamente, mas hoje é sobre mim que falaremos. Quero que me digas, sem dúvidas, sem périplos, sem silêncios, de uma vez e só de uma assentada, o que eu fui para ti. Hoje alguém me disse que este era o Natal do seu abandono. Pois para que não seja também o meu, diz-me de uma vez por todas, e com todas as letras, sem os teus silêncios dúbios, o que eu fui na tua vida. Nem te tenho por perto para me encheres do teu olhar, desse teu azul que agora está mais claro, mais azul céu livre, e, de uma vez por todas corta-me as asas e enterra-me ou dá-mas de volta e deixa-me voar para longe sem ressentimentos, sem medos do que possa ter abandonado. Enches-me a alma de esperança quando me dizes que me recordas com carinho todos os minutos que partilhamos a pele. Que foram apenas minutos. Nada mais que isso. E quem sabe um dia a vida nos faz voltar a cruzar. Mas não me dizes nunca que foi também um amor. Eu sei que não fui. Tu sabes que não fui. Dizes-me que nunca me mentiste. Nunca a tua boca proferiu uma mentira para mim. Isso não me serve de consolo, digo-te eu, em tantas alturas preferia-me sentir enganada, com palavras de amor, sentimentos que me afundassem, sabendo que me mentias, mas podendo fingir que era amada. Mas não. Sempre soube no fundo, não pela tua boca, apenas pela minha sensação, que era passageira. Talvez a vida nos faça cruzar, lá mais à frente, quando formos mais livres. Sabemos que a vida não nos voltará a cruzar. Sabemos ambos que as vezes que passamos ao lado um do outro foram propositadamente. Porque assim obriguei a vida, e tu a deixaste seguir-me por escassas vezes. Agora, ficamos apenas na lembrança um do outro, dizes-me tu, e penso eu, que treta. Esqueceste-me. Dizes que não. Que me trazes guardada no teu coração como a única mulher que te traz apenas boas recordações. No silêncio sentes as minhas lágrimas a cair. E eu sinto que vais fugir. Nunca consegui tocar nesse ponto tão teu. Era apenas aí que eu me precisava de me saber, no passado, pelo menos uma vez. Que te marquei. Que te fui importante. Sentir. Não apenas saber. Palavras vãs. De pena? Não, afirmas tu. Vou fazer de conta que creio em ti de coração. Mas ambos sabemos que não. A vida fez-me desconfiada. E não creio nas pessoas e nos sentimentos que nutrem por mim. Não me vejo valorosa o suficiente para me amarem. Mas apenas tu e eu o sabemos. Poucos partilham do meu sorriso fácil e da minha verdade. Agora despeço-me. Quase na mesma. Com a mesma, quase, sensação de vazio, de necessitar de fumar um cigarro urgentemente, depois de não te poder sorver o ar, o cheiro e a vida. Precisava apenas de dar uma passa num cigarro de uma marca qualquer desde que forte e acender-me a alma como farol para que alguém me encontre aqui magoada por entre este mar calmo, mas tão demasiado escuro. Não me valeu de quase nada. Não me esclareceste. Tu nunca me esclareces. Tu nunca te dás. Mas pronto. Já tenho mais um motivo para chorar. Mas vou sorrir para que não me sintas triste. Só por dentro sabemos ambos que choro. No mar. Adeus. Esperamos que a vida nos faça cruzar?

22.12.2006

29 dezembro 2006


Apetece-me fazer amor. Apetece-me muito. Hoje não me apetece dar uma rapidinha. Não me apetece ter uma sessão de sexo despreocupado, nem tão pouco desconhecido, com o objectivo de obter prazer físico simples. Hoje queria ter a minha pele na do meu amor, descobrir-lhe os sabores, os recantos, e atingir o auge do clímax quando lhe descobrir o sítio onde ele guarda o seu cheiro. E banhar-me ali, no local onde ele segrega o mais puro de si. Emergir-me no seu odor e transformar na sua pele, e circular por ali, descobrindo todos os seus pontos G´s, fazendo o seu prazer arrastar-se de forma orgásmica e totalmente irresponsável até me diluir nele. E ser dele. Apenas dele. Tão dele que ele não saberia já onde eu me começo e onde ele se acaba. Tocar-me quando toca na sua pele. Fazer parte dele de tal forma que me vê quando fecha os olhos porque estou por dentro das suas pálpebras. Tocar-me quando põe a mão debaixo do rosto, lavar-me o rosto quando tira atira água à cara de manhã. Ver-me reflectida no espelho enquanto escova os dentes. E quando eu acordar, intumescida e abrasadora, porque a manhã começa sempre cheia de amor, quero que tu vás atrás de mim, e me deixes seguir-te o corpo e o cheiro e fazer amor contigo ainda a dormir, porque me sabes e me conheces como tua no teu corpo.

Hoje apetece-me fazer amor.

Hoje apetece-me amar.

23.12.2006

28 dezembro 2006

Esta é mesmo a última carta que te escrevo. Esta é mesmo a definitiva. Aquela com que encerro este ciclo de dores, utopias, alegrias fingidas e de pássaros de asas cortadas. É com esta que te encerro o cheiro numa caixa no mais fundo do meu sentimento olfactivo e com que criarei uma armadura anti cheiros, para que não me voltes a tomar de assalto como se de uma princesa encerrada na mais alta torre eu me tratasse e apenas o teu cheiro me conseguisse salvar. Nunca me salvaste. Apenas me encerraste ainda mais fundo nos pavores do mundo que todos temos. E tu, mais que ninguém, terias a obrigação de me saberes e reconhecer, depois de anos, aí longe, enclausurado por trás desses muros, ouvindo-me e reconhecendo-me no cheiro do papel branco sem linhas e nas letras sempre azuis e tortas dos t´s dobrados. Soubeste-me ainda mais tua quando os envelopes azuis pintalgados de letras azul escuro te chegaram às mãos todos os dias do resto da tua vida naquele pedaço de tempo que se fechou por trás daquela construção de onde apenas ouvias o mar, sem que o pudesses ver e desfrutar. Agora que és quase livre como o mar, estás quase solto como o rio, que já podes navegar na tua semi liberdade, concedida por pessoas que não te sabem a cor dos olhos e o cheiro da alma, descubro-te afinal, novo e recém nascido. Diferente daquilo que te sonhava. Sim, porque apenas te sonhei nestes longos dias de pura invernia em que te viste afastado dos teus amores – onde eu não me contei, quase nunca – e fizeste de camas alheias o teu melhor leito. Esta tem de ser a minha última carta para ti. Não te chegará às mãos, porque nunca as soubeste ler, tal como nunca me soubeste salvar da torre mais alta em que me encontro, quase, enclausurada. Porque não me soubeste medir, constante, presente na tua sombra. E quando te viste livre das camas alheias, dos muros altos, das divisões permanentes e das contagens frequentes não me soubeste dar a tua mão e afagar-me a minha pelo tempo que te esperei. E eu fiquei desolada, porque aquilo que sempre adivinhei debaixo da tua pele e no teu olhar vago, nos teus silêncios cortantes e nas tuas ausências, nas tuas faltas de audição e nas nossas faltas de resposta, afinal não adivinhava, sempre te soube pertença apenas de um mar que te fez navegar para águas profundas onde já nem as sereias te podem salvar de ti próprio, dessa tua solidão cavada pelas tuas próprias mãos. É por isso que tenho de te encerrar e escrever a última carta, mesmo que ainda e depois continues a gritar em mim, permanente e constante, fazer de conta que não te oiço e que não te vejo, porque neste Dezembro frio e com este sol baixo e vagaroso corro o risco de me perder algures na tua busca. E não o posso fazer. Não me posso perder. Pelo menos ainda mais. Não quero perder o sorriso franco e fácil. Não quero perder o calor das mãos e o toque fácil que me caracterizam. Já me bastam os silêncios que me tumultuam. E este é o fim das minhas linhas para quem ainda, lentamente, de tempos a tempos me vem tomar, como se eu ainda te escrevesse diariamente. Mas já não escrevo. E não voltarei a escrever. Para que o riso me continue sempre fácil. E para que a tristeza não me aflore sempre os olhos. Vou crescer. Sem ti, é óbvio. Mas ambos tomámos essa decisão e enveredámos por esse caminho. Largámos tudo o que nos pudesse recordar um do outro e abandonamo-nos num caminho de onde o outro não soubesse sair sozinho. Mas tu sempre foste muito grande e não sabes perder o rumo. Tomaste o azimute da tua vida e partiste. E eu tenho de tomar o meu. Porque aqui o Inverno tornou-se frio e não quero morrer aos teus pés, que já aqui não estão, sozinha. Despeço-me. De ti. De nós. Das poucas noites que passamos juntos. Dos teus braços que me tomaram como tua, em noites de tempestade e calmas de maresia acentuada. De noites de gaivotas gritantes em que me fizeste tão tua. Despeço-me. Despeço-me. Ouviste, não ouviste? Despeço-me. Mas tu não me ouves e eu não te quero a ler-me para que não me leias por dentro também. Mas despeço-me.

19.12.2006

27 dezembro 2006


Não consigo distinguir o inferno encapotado de um céu azul nos teus braços. Eu não consigo antever as dores gastas e usadas, mas sempre tão acutilantes quando estou perdida na tua boca porque estou a vogar no mar azul dos teus olhos e sei que era ali que me queria permanecer. Nos teus braços, protegida, a navegar no teu olhar. E tentar alcançar aquele pedaço que nunca deste. E que sei tão meu.

Foi por isso que nunca o deste. Mas não me reconheceste. Senão tê-lo-ias dado…

19.12.2006

Como tu deverias ver-me no auge do teu Amor:


Quando nós fazemos amor, sentes-me no espelho da tua alma? E sabes como, naquela hora, és igual a mim? E como, naquele momento, somos apenas um no respirar, e, no sentir, e, no amar um do outro? E quando estás só e eu te deixo ir, pela vida fora, a sonhar como se não tivesses a certeza daquilo que queres. Eu não te quero amar toda, pela certeza. Porque sei que tu és louca e não me és fiel, nem serás para sempre minha. E sabes como o amor é e eu não quero estar perto de ti quando tu decidires partir e quebrar-me o fio da vitória de te ter. O amor morre. Morre todos os dias, morre um pouco no nosso leito, quando não te encho os pulmões de ar e o fio da navalha nos fica mais estreito. Quando estou contigo sabes que não estou com mais ninguém. E não poderia. E não conseguiria. E tu também não. Mas nem sempre és minha. Quando sais daquele espaço, que é só nosso, sei que não te posso possuir e que deixas de ser só minha. Eu não te quero tocar sequer, aí. Porque sei que te posso quebrar e magoar. O amor é… o amor somos nós quando estamos apenas juntos, sem mais nomes, nem como, nem porquês. Somos apenas nós quando o tempo pára porque é assim que somos um do outro. Apenas um do outro. Quando o tempo pára. Os ponteiros ficam imóveis, estáticos e soltos. E o tempo amansou-se e sei que te posso tocar porque jamais o tempo pára assim para os outros amores. Só não quero estar aqui quando o teu amor se quebrar e se soltar. E eu já não te puder ter. Porque o amor morre. Mas agora amas-me e tocas-me e és minha. Mas quando o amor se quebrar deixarás de ser. Mas hoje, agora, por enquanto o tempo parou e o amor não morreu. És minha.

18.12.2006

25 dezembro 2006


Foi numa mola da roupa que redescobri o teu cheiro. Esta tarde, enquanto me via entre cuecas, meias e collants, assaltaste-me as narinas enchendo-me de novo com o teu odor. E esta tarde transformou-se numa noite, numa daquelas em que via o dia decrescer e aumentar de novo na intensidade e na luminosidade por entre os teus braços, e perdida no teu peito, sorvendo cada gota do teu cheiro, aspirando cada golfada do teu ar, enquanto o teu braço longo se fechava à minha volta e me aproximava de ti para te ouvir o bater do coração. A cama já não gemia. Nem eu. Apenas o teu cheiro ficava intacto no ar. E foi ele que me tomou esta tarde e me levou para aquele apartamento de paredes altas. Para aquela cama em que me fizeste, sempre mais, tua. Para a nossa praia em que os pés ficavas enterrados na areia húmida. E em que o teu cheiro me rodeava e me penetrava a pele. É dele que não consigo fugir. Não é de ti.

18.12.2006

24 dezembro 2006


Este ano o meu Natal não vai ter as nossas risadas. Mas na realidade nunca passei um Natal contigo. Por isso vou lembrar apenas o som da tua voz. A sensação do teu olhar quando te ofereci um postal de Natal, num dia frio de Dezembro.

Este ano vou partilhar o bacalhau, as rabanadas da avó, a minha mousse, as castanhas douradas da mãe, o vinho do meu irmão, e ouvir as gargalhadas das minhas crianças. Ver o Pai Natal entrar pela janela da cozinha, pois será o mais perto que se pode de uma chaminé fingida, gritar em uníssono que já não queremos ouvir os cânticos de Natal do Elvis Presley, e fazer uma manifestação por entre as cadeiras, tropeçando nas prendas contra o abrir as mesmas antes da meia noite. E em cada caixa que fiz este ano, em papel colorido, para oferecer a todos os que fazem parte da minha vida, de alguma forma, umas brancas, contendo o meu Amor, outras vermelhas, cheias da minha Paixão, outras azuis, amontoadas de Saudade, outras verde, latejando de Esperança, não esquecendo as amarelas, que estão a abarrotar de Riso, para cada um dos ocupantes do meu coração, que por ser tão grande e vasto, e, estar tão cheio, mas sempre com lugar para muitos mais, estará sem dúvida, alegre e a bater descompassadamente, esquecendo-se das discussões, das saudades que me desmoronam, dos desentendimentos que tenho com a vida e com as pessoas que fazem parte da minha dita vida, e como esta noite é nossa, só vamos festejar, rir e brincar. Pôr de lado tudo o que me faz mal, e esquecer, mesmo que por momentos, porque vou realizar o que quero. Sem demora, vou levar-vos a todos comigo, para estar na Paz alucinada do meu coração, a ouvir as minhas kisombas, e dançar frenética ao som dos meus sonhos, sem derramar uma única lágrima, embora com as saudades que por vezes me fazem nostálgica.

Afinal tenho muito que amar. E tenho muito para sonhar. E tenho muito para curtir. Esta noite vou estar em Paz. E de mãos dadas contigo no meu coração. Com todos aqueles que me amam e também com todos aqueles que amo.
Em Paz.

O Amor não tem que ser apenas uma estória. O Amor são muitas e grandes estórias, por vezes não encadeadas no tempo, no espaço e aqui neste lugar que chamo de casa.

E hoje tenho aqui outros Amores, não menos importantes na minha vida. E estarei em Paz.
24.12.2006

23 dezembro 2006


Acabarei por partir, sabes? Acabarei por me fartar de não ser nada nem ninguém e invisível aos teus olhos e principalmente para os teus olhos. Tu sabes que eu estou sempre aqui, e sempre te tem sido possível abraçar-me quando queres. E que sempre tenho estado aqui para te mostrar que és muito, muito mais do que o mundo tantas vezes te disse seres. Mas um dia, qualquer dia, acordo cheia de sol, porque ele nasce também para mim, e, acabarei por sair do teu lado. Tu conheces-me melhor que todos, e melhor do que queres fazer parecer. E sabes que vai ser assim. E será que não é isso que aguardas? O dia em que me vês, também eu, crescer, em asas e tamanho e fazer-me ao mundo, calcorreando-o, descobrindo-o, e, fazê-lo também mais meu, conquistando-o? Acabarei por partir, eu sei-o, tu sabe-lo. Ambos o sabemos. Mas hoje, tu fazes de conta apenas que não me vês, e eu faço de conta que te sou invisível aos olhos, e hoje ambos fazemos de conta que as nossas presenças são quase tão transparentes e que não damos um pelo outro. Mas o tempo, aquele sábio conselheiro que tudo nos faz esquecer, atenuar, esmorecer, decrescer deu-nos o tempo de também amadurecer.

18.12.2006
(foto de Eduardo Costa Freitas)

22 dezembro 2006

Rosa Principe Negro


Está frio lá fora. Sabes que tenho medo do frio. Gosto dele. Mas tenho-lhe medo. Medo de que não volte inteira, medo de que as memórias se me congelem numa parte que se me fique afogada num pedaço de gelo da minha memória. E a memória das tuas mãos, brancas, a pulsar de vida, que eu tantas vezes cartografei pelas veias azuis, grossas, e que tanto me afagaram em noites de gritos, e mais ainda, em noites soltas de risadas apenas partilhadas por nós. Os teus olhos azuis de céu que tanto me indicaram o lugar do sonho, os lugares de mar cheios de calmaria, os pedaços de vida que me mereciam continuar a ter, e aqueles que me mereciam o abandono. Já não te tenho presente. Estás ausente, e cada vez mais distante. Já não consigo ver-te sempre que fecho os olhos, no sorriso largo e franco, já não te oiço, audível, na gargalhada cheia. Ficas, com o passar dos anos, mais ténue, mais esbatido, como as fotos amarelecidas em que ainda te mostras jovem e sem rugas. Não voltei a ouvir por entre os teus risos e olhares cúmplices, baixinho, o teu sussurro, a assobiar-me ao ouvido, que vou conseguir. Não mo voltaste a dizer tu… nem mais ninguém.

Achas que conseguirei?

16.12.2006
(Avô, tenho tantas saudades tuas...)

21 dezembro 2006


No silêncio dos nossos corpos amaste-me. E eu deixei-me amar por ti. Encher-me da tua boca, da tua língua, sabendo de antemão que era passageira. Que acabarias por ir embora e que eu voltaria a ficar só. Sem o teu corpo e sem a tua mão e sem o teu abraço. E que voltaria a este estado vegetativo. Mas não te pedi para ficares. Nem para regressares. Porque sabia que não valia a pena. A verdade é só uma. E tal como eu sou uma mulher de muitas caras tu és um homem de muitos caminhos. E as minhas caras e os teus caminhos cruzaram-se poucas vezes na vida. Não as suficientes para que o teu rio viesse desaguar no meu mar. Para que as tuas águas viessem molhar a minha areia. Já não sinto a tua mão no meu corpo. Os teus dedos longos no meu pescoço. Mas ainda não te esqueci.

16.12.2006

20 dezembro 2006


Prefiro que não, amada.

Para que nada nos amarre
e que nada nos una.

Nem a palavra que aromou tua boca,
nem o que não disseram as palavras.

Nem a festa de amor que não tivemos,
nem teus soluços perto da janela.

Amo o amor dos marinheiros
que beijam e se vão.

Deixam uma promessa.
Não voltam nunca mais.

Em cada porto uma mulher espera:
os marinheiros que beijam e se vão.

Uma noite se deitam com a morte
no leito do mar.

In "Crepusculario" de Pablo Neruda

No silêncio das nossas bocas nem sequer sabes bem o que significa desculpa. Nunca soubeste. Essa palavra sai-te da boca como uma registadora a debitar números que a enchem ou esvaziam. A ti, ela não te faz rigorosamente nada. Não te dói todas as vezes que a dizes, que magoas por teres de a dizer, pelo gesto que a provocou. Agora então, ela nem sequer te aflora os lábios. Sinal de que nem dás pelas vezes, frequentes, demasiado frequentes, em que magoas os que te rodeiam. Não sabes o que significa a palavra desculpa. Para ti não passa de uma palavra. Uma palavra destituída de sentido e de gestos e de sentimentos. É por isso, também, que a distancia entre nós os dois é cada vez maior. A linha imaginária na cama passou a ser um muro. E qualquer dia será apenas arame farpado electrificado. Porque tu não sabes o que significa a palavra desculpa.

15.12.2006

(foto de Eduardo Costa Freitas)

19 dezembro 2006

Rapariguinha Gorda de Sonhos Leves


Seria um perpétuo combate,
seria uma máquina de Amor,
a rapariguinha gorda
de sonhos leves -
Ela, como rolava nos sótãos,
com armadas de anjos
perdidos & achados.
E seus corações eram de tanto
a chuva
que mais não teriam a fúria
de outra vez beijar o sol.
A rapariguinha gorda
de sonhos emprestados
vencia-lhes batalhas de Verão,
com restos de amor
nos lábios,
e o céu na palma da mão.

In " A Oeste deste Céu" de João de Mancelos


Dar-me sem te receber em troca. Dar-me sem que te tenha, ainda assim, por entre os meus braços, e, as minhas pernas. Dar-te o que, ainda, tenho. Apenas o meu amor. Se te servir de alguma coisa. Aproveita-o. Usa-o. Mas depois não o deites fora. Guarda-o bem junto do teu coração, mesmo que seja num canto escondido de todos e de tudo. Um canto onde só tu saibas que lá estou. Que eu lá existo. E que não me esqueças. Mesmo quando já ninguém, nem nada, me souber, quando não for nada para mais ninguém. Apenas tu, só tu, me vais recordar ainda.

8.12.2006

18 dezembro 2006


Se tu fosses o meu mar. Se tu fosses o meu céu. Se tu fosses o meu bando de pássaros, livres a voar. Se tu fosses a minha matilha de lobos soltos a correr. Se tu fosses o meu cardume de peixes a navegar por entre as águas. Eu seria a tua praia. Eu seria o teu sol e a tua lua. Eu seria as tuas penas. Eu seria o teu vento e a tua terra. Eu seria a tua corrente marítima.

Só tu e eu saberíamos. Secretamente entre nós. Por entre nós.

7.12.2006

17 dezembro 2006


Já não estou aqui junto de ti. Já não sou a menina que conquistaste para possuíres por dentro dos teus braços e nos teus lençóis. Agora sou a menina, já quase mulher, que se julga ainda menina. Mas já não me quero por entre os teus braços. E muito menos por entre os teus lençóis. A distância que nos separa, mesmo lado a lado é tanta e tão grande que me faz faltar o ar para te tocar. E nem o quero fazer. Parece que estou ali ao teu lado como o céu parece tocar no mar lá ao fundo no horizonte. Mas a distância entre ambos é tão grande lá como entre nós. Só parece. Não é. Já não te conheço. Já não te tenho tal como tu não me tens. Nem estou aqui presente, de coração e alma. Apenas o meu corpo inanimado. Solto e desfalecido. O meu olhar pára apenas num qualquer ponto no céu a vogar numa nuvem ou numa estrela que me leva à ilusão. Que não és tu. Mas quem me faz doer ainda o estômago? Quem me faz ainda tremer as pernas? Já não me recordo de o fazeres. Em ti apenas sinto uma enorme tristeza por partilhar e por dar aquilo que não soubeste acarinhar. O meu corpo está desfalecido. Morto para ti. Só frio. E nos nossos mundos uma distancia tão demasiado grande e dispare. Não me consegues tocar É verdade. Nem quero que o faças. Já não me tens. Já não me magoas, sequer. Quebrou-se-me o céu da boca pelas palavras que não disse. Mas o pior é estar a quebrar-me o céu do coração por não ter com quem o partilhar. Não consigo chegar a ti. Não a ti, que estás ao meu lado. A ti que estás no céu do meu coração. No mar que o inunda. Na solidão que te permanece. É a ti que quero chegar. É a ti que quero dar a mão. Agora esta noite. Enquanto a chuva bate na janela do meu quarto solitário e vazio de ti e cheio de nada de mim.

7.12.2006

16 dezembro 2006


Engana-me. Mente-me. Mas diz-me ao ouvido que hoje sou tua. E que hoje precisas de mim. Que esta noite precisas do meu calor para sobreviveres. Faz-me, deixa-me sentir importante para ti.

Amanhã estarei inteira de novo.

8.12.2006

15 dezembro 2006


Hoje estou negra como o dia. Solitária como o rio que também furiosamente procura uma saída para as suas águas. Hoje. Só hoje, não me deixes afogar na solidão tão premente em mim. Hoje. Estou como a chuva lá fora a bater na janela, furiosa. Demasiado barulho para os meus neurónios cansados e dormentes por pensar demais em ti. Na tua chegada, que não acontece. Estou a sentir-me apenas muito sozinha. E sem dono. E sem nada. E abandonada. E sei que vou sobreviver mais esta noite. E também ao próximo dia. E qualquer dia volto a sorrir. Mas esta dor hoje é simples. E sem mácula, destrói-me.

8.12.2006

14 dezembro 2006


Sinto-me furiosamente mansa. Sei que não parece uma conjugação correcta de ambas as palavras. Mas é assim que me sinto. Começo a aceitar que não terei tudo o que amo. Já aceitei como facto previsto que não terei tudo o que amo ou pretendo amar. Que todo este amor furioso que me enche a alma, a vida, o corpo e a mente se perderão algures numa terra árida, num caminho para o qual apenas eu conhecerei as indicações. E em todas as curvas e derrapagens, alucinações e regressos, solidões e fingimentos acabarei por me perder de tudo o que apenas tive em mim, puro e em marfim. A tua imagem. A do amor mais puro que trago em mim.

03.12.2006

13 dezembro 2006

Tenho sonhado incessantemente com o nosso encontro. Mas sei de antemão que nada será como previ. Pois eu não tenho uma bola de cristal. E as minhas cartas estão guardadas no fundo da gaveta. Os meus sonhos não têm sido premonitórios para mim. Apenas antevejo o sofrimento ou os sorrisos dos outros. Nunca os meus. Os sonhos sem significados não têm cavalos, nem nada que supersticiosamente me possam realmente indicar que vens a caminho. Por isso basta-me fechar os olhos e fingir que estás aqui. Mas não estás. E em dias como este, em que não me basta fechar os olhos, e que não me basta a ternura que me detém perante o salto no vazio da solidão permanente, nestes dias, tão cheios de vazios, que também enchem em demasia, não me basto de nada. Sou rainha de um trono vazio de mim. Sou capitã de uma nau à deriva num mar vazio de ti. Sem cabo de Boa Esperança à vista. Sem novas terras, nem novos mares à minha espera para nos descobrirem enredados um no outro. E nestes dias assim nada é como sonho. Nada é como espero. Já nada é na minha vida como apenas sonhar fugir da solidão tão cutânea, e perder-me nos enleios olfactivos de quem te descobriu no mar ou no vento. Porque nestes dias assim nem a maresia te traz perdido no mar para que te possa perceber.

3.12.2006

10 dezembro 2006


Aprendi a beber. Aprendi a apreciar um copo de vinho tinto. E quando o estou a saborear, quando a conversa vai fluindo à minha volta, pois nunca bebo só, para não me aumentar a solidão, desço o meu olhar e mergulho-o nos milhares de gotas escuras no fundo do meu copo. E sonho-te, em silêncio, ao som do mar que oiço no meu pensamento constantemente, que os teus olhos se vão submergir em mim quando me alcançares com a vista pela primeira vez. E a partilha vai ser tal, que vais perder o chão onde andas, pelas pernas que te tremem e vais ficar sem fôlego, sem o ar com o qual respiras, vais ficar com o estômago enrolado porque percebes que não viveste até ali. E a partilha será tanta e de tal forma prazenteira que as regras de prudência serão deitadas fora, e vamos entrar numa clandestinidade que de tão intima só poderá ser nossa. Aí nesse recanto, onde só as nossas narinas se reconhecerão pelo cheiro, ambos nos entregaremos sem palavras e em gestos de doação. Momentos perfeitos.

2.12.2006

09 dezembro 2006


Esta noite adormeci com a lua meia cheia a olhar por mim. Lá estava ela a espreitar no meio da minha janela totalmente aberta atravessando os vidros para me iluminar na escuridão da cama. Deitada precisamente ao meio da cama para me aperceber se chegasses e te deitasses ao meu lado. De braços abertos para te receber. Mas nesta noite de quase muito luar não chegaste. Ainda não foi luar suficiente para te indicar o caminho até mim. Aguardo. Sem os teus braços para me enlaçares.

30.11.2006

08 dezembro 2006


O cenário perfeito. A nossa cama, grande e quadrada, no meio do quarto espaçoso, com os pés poisados à janela, aberta, por onde o sol nos despertará com carícias lentas ao longo das pernas. As rosas vermelhas, príncipe negro, aveludadas, estão defronte do espelho. Por onde te espreitas a beijar-me o umbigo, sorvendo-me o líquido que te mata a sede. Vais sentar-te com o teu peito colado às minhas costas, sentindo cada pedaço do ar que inspiro. O ar será demais. As tuas pernas vão arquear-se à volta da minha cintura. E vou sentir o teu corpo a gemer, tremente, de prazer crescente. E és tu que irás mapear cada pedaço do meu dorso com a ponta dos teus dedos e com os olhos da tua língua. Vais parar nos meus ombros e vais descobrir que no meu reverso já sou a tua praia e no teu interior eu já sou o teu mar.

29.11.2006

07 dezembro 2006


Deito-me e imagino que chegas esta noite para me teres nos teus braços para sempre. E que vais fazer amor comigo até à exaustão dos nossos corpos, até ambos doerem de felicidade e de prazer. Um prazer daqueles que faz estremecer e que faz amar ainda mais qualquer pedaço de ar exalado pelo teu pulmão. Por milimétricamente microscópico que ele seja. Esta noite vou permitir-me sonhar que vais chegar e que me fazes tua, apenas tua. E tão tua que me vais fazer doer a garganta da respiração ofegante e as costas de tanto as arquear como um gato para te encontrar na escuridão da cama que será o nosso mundo. E depois de descansares os olhos e repousares a tua mão sobre o meu umbigo adormeço com a mão enrolada na linha da tua cintura, mesmo por baixo do teu abdómen certificando-me a cada segundo das tuas inspirações e expirações. E o auge da tua excitação será tanta e tão grande que sentirei o teu coração a pulsar-me nos meus próprios pulsos. E aí, quando o dia começar a vaguear pelo quarto do nosso amor, vais-me silenciar com a tua boca, dando-me a tua língua e usurpando a minha apenas para ti. Vais descobrir o tamanho exacto do meu globo ocular. E tocar-me as pestanas uma a uma. Beijando todos milímetros, centímetros e decímetros do meu corpo para marcares perfeita e geometricamente todos os metros em quilómetros onde me vais tendo e possuindo lentamente para me fazeres totalmente tua. Esta noite serei uma cortesã na nossa cama, onde me vais tendo por entre assomos de amor e de simples paixão sexual. Sinto-te em mim e tu sentes-me em ti. Ambos nos sentimos e sabemos ao que sabemos em cada pedaço da nossa pele. De tal forma será que quando o dia tiver tomado conta de todos as paredes e recantos do nosso quarto já saberás identificar-me apenas pelo cheiro e pelo sabor, com as pontas dos teus dedos. Esta noite aguardo-te.

28.11.2006

04 dezembro 2006


Os meus encontros com o passado permitiram-me, por muito tempo, fugir de uma realidade que nem eu nem outros, que me acompanharam em tempos espaçados, quis enfrentar. Eu não possui a coragem de me encontrar a sós comigo própria. E assim, junto de alguém, obriguei-me a reviver hora a hora, segundo a segundo, repetitivamente os passados que vivi. Por minúsculos que eles fossem. Até à exaustão. E assim não tive que ruminar no futuro e encarar o que me esperava. Solitária.

28.11.2006

03 dezembro 2006


Eu sou como uma daquelas cidades internacionais. Melhor, a comparação ideal seria um daqueles enormíssimos aeroportos de grande tráfego internacional, onde se misturam todas as línguas, como se fosse uma grande cidade fervilhante, como se existissem pontes entre o Ocidente e o Oriente, novos e velhos mundos. Onde todos os pontos cardeais se unem. Aí tudo e todos convivem, as línguas misturam-se, os costumes e as crenças igualmente. Não passo de um desses universos paralelos à realidade, em que lentamente a verdade inquestionável do passar dos tempos vai demolindo, e, quebrando, também de passagem, as minhas inúmeras vidas. Na verdade, a minha vida não pesa mais que uma palha perante a grandeza do mundo. Recordo com fervor todos os momentos de egoísmo, os de fervor, os de heroísmo, os de sonho e os de sofrimento que vivi – os inconsequentes e os lúcidos. Esses também não devem nunca ser esquecidos. As descidas aos infernos mais profundos da minha alma mostraram-me tantas vezes que apenas me despojo do meu futuro e da minha dignidade e que me privo das alegrias mais simples mais vezes por opção própria que por consequências dos meus actos impensados. Perante isto, o que me resta agora? Apenas aguardar um amor tranquilo. Aquele que é o meu amor à espera, que no fim de contas será mais poderoso que a própria história. A minha e a dos outros.

27.11.2006

02 dezembro 2006


Sabes como sou. Já me conheces. Ainda não me viste. Mas já me conheces. Não viste mas já percorreste o meu corpo milímetro a milímetro. Não reconhecerias o meu cheiro se me cruzasse contigo em qualquer dia das nossas vidas mas acordas com ele a envolver-te nas noites em que me possuis. São aquelas noites em que desperto com o sabor dos beijos que me levam longe na noite e nos sentidos com sentimento. Quem sabe talvez os teus beijos, os que ainda não conheço? Apenas porque não te tenho ainda na minha vida não significa que ainda não te conheça. Apenas que ainda não nos cruzámos fisicamente. Uma coisa não tem o despropósito da outra. Apenas as distancias entre a realidade e o sonho e a ilusão.

27.11.2006

01 dezembro 2006


Não é a solidão que me faz mal, sabes. É não ter a resposta do teclado do computador. É não ter alguém do outro lado da linha do telemóvel que não me responde. É não ter alguém que se forma em resposta no papel que sempre me acompanha e onde te escrevo todos os dias os contornos da vida. Isso é a solidão. Mas a solidão que tenho apenas por não dividir algo que me assombra e que me cava o peito por dentro, e, por fora, nos olhos me marca a tristeza do olhar. Continuo a ser a pessoa risonha, mas tantas vezes duvido do próprio som que sai da minha boca para os ouvidos à minha volta. Sei que algures no mundo está alguém, tem de existir, que me consegue entender no mais vasto sentido. E são esses os braços que finjo existirem em mim, no meu corpo antes de dormir. São as distâncias entre o teu ombro à tua boca, ou apenas do teu antebraço ao teu dedo indicador. A distancia que vai, exacta da tua maçã de Adão à tua língua. Perfeita. Quente e saborosa. É o tamanho perfeito do teu pé que se enrola no meu durante a noite, quando me vens buscar no sono para me velares os pesadelos dos sons que ainda me perseguem. Porque tu entendes. Não preciso falar. Compreendes em sintonia os sons que não chego a proferir porque sentes igual a mim. Porque o teu coração não é de pedra mas aparenta. Porque a tua boca fala fechada, com sons que querem dizer outra coisa. Mas tu entendes porque és igual a mim. Ou parecido. E por isso sentes-me feliz, infeliz, contente e estagnada. Apenas. Tu. Porque estás no meu corpo mesmo antes dos teus olhares poisarem nos meus.

28.11.2006

30 novembro 2006


Era já noite quando entraste no meu quarto. Apenas se ouvia o som dos teus pés descalços a bater no soalho de madeira. Pezinhos de algodão, de tão leve que eras ainda nesta altura. Eu estava diante de um espelho apenas de roupão que entreabri para te reveres no meu ventre arredondado, com a pele de tal forma esticada que te servia de espelho a ti. É ali que te vês os olhos. Na pele da tua mãe. Eu. Peguei-te na mão e coloquei-ta sobre o meu ventre prestes a rebentar de vida. Talvez te quisesse fazer sentir a outra vida que se mexia. A criança que também surgia para lá da minha pele. Mas queria-te saber ainda ligado a mim. Olhaste-me sem me compreender enquanto as lágrimas me corriam pela face. Perguntaste-me se doía, enquanto me acariciavas a pele luzidia, onde te revias. Limpei os olhos com um lenço branco e simples e levantei-te para o meu colo, aquele pouco que me restava, que sempre te pertencerá e apertei-te por longo tempo contra o meu peito para partilhares comigo os 3 corações a bater em uníssono. Respiraste o meu cheiro quente com os olhos fechados. E eu inspirei as tuas golfadas de oxigénio. Gostaria de ter imortalizado aquele momento e de nunca mais te ter pousado no chão.

28.11.2006

MEU DOCE FILHO


PARABÉNS

Amo-te infinito, infinito, mais cem, mais cem!


Já chega?

29 novembro 2006


Vivi sempre sem rede. Pelo menos acho que assim vivi.
Já sei que não se morre de amor, nem de saudades, nem de falta de ar porque o amor nos abandonou, ou porque a vida foi deitada fora como se não passasse de um papel sujo e dispensável para alguém. Mas a falta de rede lá em baixo vai também deixando os seus temores, cada vez mais profundos. Porque com o passar do tempo vou aprendendo a olhar para baixo – cada vez mais – e cada vez me vai parecendo maior a altura que está entre mim e chão. Ou simplesmente o espaço que alguém fixou entre o céu e a terra. E o medo apodera-se de mim. O temor de cair e me estatelar e me desmanchar completamente no chão e de ninguém me conhecer suficientemente bem para me voltar a montar como se de um puzzle me tratasse. E me perdessem as lembranças ou as fotografias da minha infância onde retrato o primeiro beijo, o primeiro amor. O primeiro boneco careca que foi um filho para mim. Ou os cheiros se me tornem desconhecidos porque se evaporaram pela queda, e já ninguém mos recupera. E fico sem saber ao que cheira as rabanadas na véspera de Natal polvilhadas de canela pelas quais reconhecemos as Festas das nossas casas. Ou se perco os cheiros das peles que me tiveram. Ou se perco o cheiro da lembrança afincada do horizonte na minha terra. Pior, se me perco sem o espaço vazio que ainda guardo, aguardando, o cheiro da pele que me vai fazer feliz.
E em vez de andar, fico apenas estática a avaliar os riscos, os prós e os contras de avançar, assim sem rede, tentando medir a pulsação dos ventos, as oscilações do mundo que me farão inevitavelmente cair de novo.
Mas não caio, porque apenas fico ali, a olhar. A avaliar.

18.11.2006

28 novembro 2006


Cartas soltas de sentimentos com estórias e de estórias com sentimentos,

Olá, como vais? Eu vou bem. Como sempre. Sabes, sinto falta de ouvir um riso. Não um riso qualquer. Aquele riso que me fez deambular pela vida e enforcar a ilusão, esse já não faz parte dos meus sonhos actuais, actualizados e constantes. Sinto falta de um riso presente na minha vida, assim como sinto falta de uns braços que me embalem nas noites de maior solidão. E também nas de maior partilha. E, depois de uns dias reconfortantes e distantes de toda a convulsão citadina e permanente da minha vida, cheguei à conclusão que embora definitivamente saiba sobreviver sozinha, é tão melhor quando temos com quem dividir. Dividir o fresco lavado dos lençóis. O quente da água que jorra do chuveiro solitário apenas para mim. A perna, abandonada, debaixo da mesa. A mão largada sobre o sofá enquanto ouve a música após o jantar faustoso. A boca sedenta que não tem a quem beijar e dividir os carinhos que a faz esbelta. Estes dias de solidão acompanhada, foram os dias em que me senti a alma a liquidificar-se. E aí, tenho de admitir, por mais que tenha aprendido que sei sobreviver sozinha, e que não morrerei de forma nenhuma, e, ainda alguma, por não amar desalmadamente sempre, e, todos os dias, aprendi que não ter com quem partilhar a minha alma, assim, líquida, de novo, assim, tão perto dos olhos, inunda-me de uma tristeza profunda, também. Menos penosa. Mas enorme. Tão grande como o mar que te leva a outro continente. Entender os sentimentos é sempre uma estrada de muitos atalhos. Cada um entende da maneira que pode, consegue e sente. E nunca é da mesma medida exacta e conforme. Tenho a certeza. Mas não absoluta. Aliás, nunca vejo as coisas da mesma forma que os outros, nunca, ou muito, muito, muito raramente. É por isso que preciso que um dia expliques o teu sentimento. Para to ver com os meus olhos fingindo serem os teus. Se te embaraças e nesse acto perdes a fala, podes engolir palavras e perdê-las aí dentro, ideais e tão necessárias. E, se tiveres tanto para dizer, que seriam suficientes para eu aconchegar o coração bem pertinho delas? E não aprendas a fazer melhor. Melhor seria sim um sinónimo verdadeiro de te perder nas letras por entre as linhas. A responsabilidade é manteres-te igual. E ainda assim não disse tudo. Mas também não interessa dizer mais. Apenas que gosto. Amei e amo sempre as palavras. E que amo os sentimentos que eram para ser estória. Sem responsabilidades. Apenas com sentimentos.

27.11.2006

27 novembro 2006


Hoje é um daqueles dias em que me gostava de saber viva.
Viva, não pelo facto de respirar, caminhar e desfrutar de todos os meus sentidos. Viva por todos eles estarem e viverem alerta no meu corpo. Por reconhecer na brisa o cheiro do mundo que me dá alento. Por reconhecer no tacto o corpo que me faz estremecer. Por poder olhar e ver a vida que me faz chorar de alegria. Por ouvir e saber medir a exacta distancia a que estás de mim.
Mas não sei quem tu és. Não te vejo, não te cheiro, não te sei o sabor, não te sei a medida e a distancia que vai do teu queixo à tua boca. Ainda não te senti. Ainda não te vi. Ainda não te cheirei. Ainda não te ouvi. Ainda não sei ao que sabes.
Fico deitada na cama, a meio da noite, quando os olhos se recusam simplesmente a fechar, a imaginar como será a temperatura do teu corpo. Ao que saberá o teu calor nos lençóis partilhados comigo. Ao que saberá a tua pele. A tua cútis no mais íntimo sabor dos resquícios dos sabores da partilha. A que saberá a tua língua. O calor da tua boca. A forma dos teus braços. O cheiro do teu pescoço.

Saberei reconhecer-te quando me cruzar contigo na vida?

17.11.2006

Hoje acordei com a sensação enervante que me olhavas pela nuca, e que com esse teu olhar demasiado penetrante e demasiado céu brando em dia de gritos de gaivotas, e me conseguisses ver por dentro do coração, da alma, da mente e do sexo.
Sinto-me a escorrer, por dentro, como o suor a correr pela barriga, de dentro, das pernas, quando fazíamos amor fechados dentro do carro, um espaço demasiado exíguo, para tanto amor e demasiado exigente para tanta acrobacia necessária para atingir o clímax.

Subitamente fez-se luz. Não posso confiar naquele que não suporta estar sozinho na sua própria solidão.

Deixo-me estar. A necessidade premente do sexo palpitante, a sensação de perigo e a ginástica dura para todos os músculos dentro do carro, a falta que me fazes no frio da cama, nada disso já é tão importante como estar feliz na solidão, pois os céus pararam e o movimento do tempo suspendeu-se para mim, e, assim, sossegar sob o céu azul, sem gaivotas estridentes a chamarem por mim.

Aguardo o Amor. Já não te espero. A ti.

15.11.2006

Não conheces realmente a solidão. Nunca a sentiste, tão próxima e tão parte de ti, de uma forma em que ela já está completamente integrada em ti.
Ainda bem.
Eu quase que sei ao que ela sabe.

6.11.2006

26 novembro 2006


Às vezes acho que escrevo pelo simples motivo de que dessa forma prolongo o êxtase. O do sofrimento e o do prazer. Como que um orgasmo arrastado, aumentado e diminuído conforme a cadência e a tonalidade da tinta. E é por isso que me revejo, já calma, a sorver um chá fumegante, que emite sinais da vida que te sobreviveu e me restou, sinal mais que evidente, que embora creia – crer – que depois de ti não aguardo quase nada, mas sempre aguardo alguma coisa. De ti? Do mundo, sem dúvida. Tu és também mundo? Tantas perguntas sem resposta. Tantos carinhos sem retorno. Nunca prometeste o que eu queria. E o que eu não te queria dar, perdi-o. Houve um momento para fechar o corpo ao sofrimento. Agora, enquanto trilho um caminho que me leva deste beco para fora, renovada, para me reencontrar por aí, sentada, num qualquer muro baixinho – pois sempre tive tonturas – sorridente, à minha espera, reconstruída, aguardando o meu renascimento.

15.11.2006

23 novembro 2006


Os anos passaram...
Ainda adoro festas, ainda adoro vermelho, e, obrigado MÃE, por mais este dia, por todos estes anos.
Já te disse hoje que te amo?
23.11.2006

21 novembro 2006


Os nós e os laços que nos unem começam, não subitamente, a desatar-se e desfazendo-se muito lentamente. Como o dia que vai entardecendo. Por mais que não quisesses que assim fosse. Mas ambos queremos. Ou não fosse o nosso afastamento ditado por esse querer. Não consigo entender onde foi que nos perdemos. Debato-me, esforçadamente, por encontrar o fio condutor. E nessa procura multipliquei-me em somas de amores. Mas acabei, apenas, subtraída em dívidas de desamores. Os dias continuam a passar, um após o outro. O mundo não parou de girar, para surpresa minha. Embora a noite, em tantas e tão vastas vezes, se tenha apoderado de mim, e, as palavras, que perdidas, solitárias, não chegaram aos seus destinos, não aguentam estar caladas e quase tão vazias, perdidas em mim. Partilho-as.

14.11.2006

20 novembro 2006


Tantos dias em que me senti um grão de poeira na imensidão do deserto. Pois poucas coisas existem no mundo, mais amargas, que a lembrança de uma paixão que não morreu. Mas uma e outra, seguidas de mais uma e outra, após outra, seguida de mais uma tempestade de areia ou simplesmente o vislumbre do amanhecer de um dia calmo, após o outro, para fixar a distancia entre o céu e a terra.

6.11.2006

O sofrimento foi, para mim, como um naufrágio. Por vezes, a meio da noite, oiço a minha respiração e dou comigo a chorar. Não percebendo se é apenas o sono que me é negado ou mais um sonho que não me deixa esquecer. Já não me iludo, julgando que vens partilhar a minha cama e trazer-me o teu calor. Já não te espero em silêncio. Nem com ternura.

21.10.2006

18 novembro 2006


Hoje quando olho para ti só te consigo imaginar debaixo desse teu manto de frieza e distancia que impões entre nós. Já me esqueceste e eu, quase, também. – A mim. – Não me guardaste como eu a ti. Não me velaste. Não tens nenhum dos meus beijos guardados, no bolso pequenino das calças, como se de um amuleto se tratasse. Já não reconheces o meu sabor, aroma, cheiro e temperatura na tua proximidade. E, eu a cada dia que passa, fico mais tranquila. De ti.

21.10.2006

17 novembro 2006


Por vezes. Não sempre. Só por vezes. Seria tão mais fácil não ter um passado atrás para conseguir ultrapassar mais uma noite povoada de solidões. Quando tenho a certeza, quase absoluta, de que estou livre do teu fantasma, apareces-me tu vindo do nada e revolves-me as entranhas e devolves-me o ar viciado da tua presença. E fico outra vez sem saber respirar. E aí, tenho a certeza, que seria tão mais fácil não ter um passado para conseguir sobreviver a esta noite. A mais esta noite. E é tudo tão repentino que me sinto a perder as forças e os pulmões a esvaziarem. E sem ti. E sem a tua sombra apenas no canto do olhar, e que ao virar a cabeça para o outro lado me faz sentir mais só e mais vazia de ti. Só de ti. Só de ti. E tudo o que sempre foi teu fica aqui e agora abandonado. E sem ti. E eu? Penso que senão existisse um passado seria tão mais fácil sobreviver a mais esta noite.

11.11.2006

16 novembro 2006


Hoje percebi finalmente que o teu cheiro já não me persegue. Hoje atendi ao meu coração e percebi que ele começa a ficar vazio de ti. Senti-te a falta. A falta de me encheres os dias e as noites do teu vazio. Mas começo a respirar sozinha, sem a tua assistência permanente. E sobrevivi. Mais ferida, menos viva. Mais magoada. Menos sonhadora. Mas sempre a acreditar. Por vezes nem sei bem no quê. Mas a acreditar. Tenho motivos para crer. E tu não foste o único. Embora te acreditasse como tal durante muito tempo. Agora que me redescubro, e vazia de ti, novamente, revejo-me na minha plenitude. E sei que as marcas ficarão, não perenes. Mas também sei que elas traçam caminhos na minha alma que me ensinarão a chegar mais além.

Hoje já não te senti o cheiro. Sabes o quanto cheiro me indicava o caminho até ti. Hoje já não te senti o cheiro.

8.11.2006

15 novembro 2006


Parti tudo à nossa volta. E agora ficamos os dois sem nada. À nossa volta. Sem subterfúgios. E pela primeira vez em anos vimo-nos na totalidade, nus e em toda a crueza de quem não tem onde se esconder e onde se espelhar. Os espelhos captam a essência das nossas almas. Mas agora espelhamos apenas aquilo que somos. Já não existem espelhos entre nós, à nossa volta, atrás ou à frente. Aquilo que somos espelhados nos nossos olhos apenas. E aqui, neste lugar, fico à espera de rever aquele menino grande que eras. E tu ficas à espera da menina pequena que sempre fui nos teus braços. Mas nenhum dos dois reencontra o caminho para emergir ao de cima. E descobrimo-nos sós.

8.11.2006

O meu amor é especial. Apenas especial. Sabes quando chegas e me beijas a boca, a língua, o céu da boca e me levas toda para dentro de nós?
Sabes aquele toque que me dás nas no interior das coxas enquanto te vais aproximando do meu corpo e ajeitando-me à tua posição favorita?
És mesmo especial. Porque quando me amas, sinto-me a alma a insuflar de vida e de mais amor. Quando fazemos batalhas de sexo ou simplesmente de amor, simples amor, arrastando as palavras, sentas-me numa nuvem branca a planar num qualquer céu que construíste à minha medida.

Tudo isto mesmo quando não passas de um simples sonho. Simples.

Arrastando apenas as palavras. Assim dura, apenas, mais.

26.10.2007

14 novembro 2006


Perdi o rasto à menina dos campos das margaridas amarelas?
Porque me continuo a sentir enclausurada num corpo de adulto, como se me tivesse perdido na idade da perfeita adolescência, e me recusasse a crescer e me mantivesse sempre à altura dos meus filhos?
Crescer é um imperfeito e sofrido acto continuado a que me recuso permanentemente a prestar vassalagem.

Não existe nada melhor quando fico na cama aninhada aos meus principezinhos. Quando me atiro em pleno voo picado sobre a cama da minha Mãe. Quando a abraço e faço cair, estatelada e risonha de risos cheios. Quando transformo a sala e os sofás no melhor palco de guerra e guerrilhas de almofadas. Quando almoço uma lata de leite condensado.

Ainda não consegui perceber os objectivos da idade adulta.

8.11.2006

13 novembro 2006


O meu blog começou por uma homenagem a uma grande Amiga, que tinha saudades de me ler. Até o nome. Era, é e será sempre a minha fada. Foi ela que me deu a conhecer João de Mancelos, autor de um livro com o nome “ As fadas não usam batôn”, bem como alguma poesia dele. E sabem que quando a leitura nos é oferecida partilha-se muito mais que palavras. São sentimentos. São pedacinhos de vidas que estamos ali a dar e a receber. É assim com todos os amigos que agora fiz por aqui, e com todos os outros, que longe ou perto partilham comigo este meu sítio, como eu lhe gosto de chamar.
Engraçado porque tudo isto começa para ela me reler na adolescência. E hoje tenho aqui um canto que gosto de partilhar com pessoas, que embora não conheça pessoalmente sinto uma ligação, um entendimento tão grande como com ela, a minha Amiga, com quem passei pela adolescência, cheia de enigmas, iniciações a quase todas as dores, muros de separação e desentendimento, mas também tantas afectividades e sorrisos descobertos à flor da pele. E flores amarelas.
Os livros onde escrevia eram todos vermelhos com flores.
O computador é o meu caderno. E todos vocês são as minhas flores. E eu escrevo, sempre, na tentativa de fazer alguém ficar feliz.
Todos somos feitos de sobrevivências.
E as fadas também usam batôn…

29.10.2006

Ao reler-me, fico estupidamente triste.
Não sei escrever sobre alegrias. Não partilho a felicidade com as pessoas que me rodeiam.
Não sei pôr a alegria, a felicidade, o bem-estar em palavras.
E isso entristece-me.
Porque eu não sou apenas tristeza, dor, mágoa e desilusão.
Sou também Mãe.
Sou também Amiga.
E também tenho amores e gestos de perfeita sintonia.

Hoje estou a pensar em ti.

10.09.2006

12 novembro 2006


Gostava de saber fazer essas cenas fixes que vocês fazem em que quando se clica numa palavra se vai parar a outro blog. Mas não sei. O computador para mim serve para escrever. Bater nas teclas, incansável, é para mim uma terapia. Mas isto, para dizer que li, numa das minhas visitas diárias aos vários blogs dos quais sou leitora assídua, li uma frase, dita / escrita por uma 3º pessoa, onde constava “ aquele lugar onde só chega quem não tem medo de naufragar”.
Já passaram vários dias e o tom destas palavras não me saem da cabeça. É o timbre delas. Não sei. Mas penso amiúde nelas. E eu sou assim, quando tenho uma coisa na cabeça tenho de a descobrir, de a entender. Ou simplesmente de falar sobre ela.
Só quem não naufragou não tem medo do que se sente nessas alturas. O pânico de ir ao fundo, o pânico de sofrer, de errar, de arrastar outros na dor. O pânico da solidão. Acho que eu diria, que a esse lugar só quem vai é quem não tem medo de recomeçar tudo outra vez. E esse é um naufrágio que dói. Já sofri alguns naufrágios. Uns maiores que outros, alguns num paquete de luxo, outros num simples bote de borracha, alguns ao largo, durante a noite, e em penumbras tempestuosas. Outros, ali tão perto da beira mar que ao fim de algumas, poucas, braçadas já estava em terra firme com o pé assente na areia.
De todas elas ficou-me um amargo de boca, maior ou menor, consoante a grandeza do acidente em si. Mas de todas elas, ficou um medo cada vez maior de me aventurar. Porque não passamos todos nós de barcos, imersos num mar de solidões, onde deparamos com alegrias em ilhas dispersas ou vidas em continentes aglutinados.
Mas no barco, que somos nós, após cada naufrágio, os danos vão sendo maiores, por muito que se remende e conserte. E depois fica apenas o medo de nos aventurarmos a um lugar aonde só chega quem não tem medo de naufragar.
Eu continuo-me a aventurar. Cada vez com mais bóias, sinalizações, GPRS, pensos e betadine…mas como somos máquinas de inventar esperanças…quase todos seguimos em frente.

Eu sigo. Mas com medo de naufragar outra vez.
Será que não alcanço esse lugar?

29.10.2006