28 março 2010































POIS AQUI ME TÊM; SALTEADAS AS SEMANAS, ATÉ ÀS 29...

25 março 2010

Telegrama dos sete meses

Este blogue tornou-se um babyblogue… mas não dá para mais. A minha cabeça está demasiado feliz para chorar e arrancar as penas do meu coração e de fazer chorar as pedras da calçada e sabem que mais? Estou muito mais feliz assim.
Não consigo escrever, definitivamente.
Nalguns dias, em que arrufos pairam pelo ar, o meu coração volta a ficar destroçado por alguns segundos, mas leva tão pouco tempo até alguém o consertar, que não me dá tempo para me chegar ao pé de um teclado e fazer de conta que espremo as mágoas.
Não escrevo mas estou feliz e agora?

Dos filhos:

Filho quase grande – por vezes a pré – adolescência abate-se sobre ele e responde-me, abro-lhe uns olhos gigantes (mais desconcertados que maléficos) e fica-lhe – por enquanto – a pesar o coração e a alma, o espírito e a consciência por me falar assim, sobranceiro, como se já fosse um homem com mais 3 palmos que eu (o que não é difícil, eu sei). Ao fim de 5 minutos ou de um duche vem ter comigo, com um olhar de cachorro abandonado à beira de uma estrada e pede desculpa: “Não te devia ter falado assim, desculpas-me? Eu prometo que vou tentar não o voltar a fazer”. Embora o espaço entre estas respostas cheias de testosterona e parvoíce adolescente esteja a encurtar velozmente, eu até acho que não me posso queixar. Continua a ajudar muito em casa, uns dias mais que outros, claro, que não tenho um santo em casa. Aquilo é uma casa, não é um altar… Por isso, até acho que não estou mal servida de filho mais velho. Podia ser bem pior, por aquilo que oiço e por aquilo que vejo.
Já não lhe posso dar beijos repenicados à porta da escola e no ATL, então, nem pensar. Se levar um beijo, leve e suave como uma pena na bochecha já vou com sorte. Discrição é palavra de ordem!
Farta-se de refilar com o irmão; é por causa da roupa dele que o irmão veste, é porque o irmão arruma menos que ele, é porque o irmão não faz logo o que ele manda, é porque o irmão quer ver os simpsons, quando ele quer ver a bola. Mas, embora refilem como cão e gato, no fim até se dão bem e protegem-se um ao outro. MUITO.

Do filho quase do meio – que tem a mania que será pequeno para sempre – terá o síndrome do Peter Pan?, tudo igual. A criança recusa-se a crescer. Fala ao desbarato e se as palavras dele fossem dinheiro estávamos tão ricos, mas tão ricos, que o dinheiro do mundo não chegaria para ser nosso. Mas não é dinheiro. O que se por um lado não é nada mau – por outro trocaria algumas palavritas por umas notas de 100,00€… A criança não se cala. O que é giro, para quem andou tantos anos na terapia da fala a aprender a articular as palavras e a ter ajuda para construir frases com sentido, hoje desgasta toda a gente às 10h30 de um sábado (atendendo a que está levantado desde as 9h00, alguém consegue perceber o meu desespero?). Literalmente o silêncio não faz parte do seu dia-a-dia. Fala tanto e tão desmesuradamente, que por vezes temos de desligar e abanar a cabeça, fazendo hum hum, como se o ouvíssemos realmente, mas já não estamos ali, estamos num paraíso longínquo, a ouvir o mar a bater e as nuvens a pairar sobre as nossas cabeças. Mas ele ainda assim não desiste. Mas é também um amor. Faz declarações de amor maravilhosas. Manda-nos mensagens (a mim e ao Pai) a dizer que nos adora, que ama, bla, bla, bla, bla. E fá-lo na nossa presença também. E conta tudo o que se passa na escola, no ATL, no caminho, no wc, no refeitório, etc. Sei tudo sobre a vida da funcionária da escola, da professora, da cozinheira e da monitora. E vice-versa. Tem todos os dias aventuras para contar. É um contador inato de estórias e parece que tem um monte de peles penduradas algures em casa, pois pelo que conta quase todos os dias anda à pancada na escola. Deve ser mau como às cobras, mas só ele é que o diz. Mais ninguém se queixa. O Pai fica preocupado se aquela imaginação não lhe fará mal, se algum dia apanha e é obrigado a deixar de pensar que é o super herói e fica a pensar ao contrário. Calado e abismado. Mas ele achar, na imaginação dele, que é o Golias e que ajuda todos os colegas da escola também não é mau de todo! Segundo ele, também namora muito...
Temos um combate mesmo na véspera do irmão nascer – portanto, pressupõe-se que às vésperas de me despedir da barriguinha, andarei a ver um monte de marmanjões a levar – ou a dar – pancadaria uns nos outros.
Será que o meu dá ou leva?


Do Pai: Continua a (tentar) fazer-me serenatas. Ainda não chegou lá, mas a esperança ainda não se (nos) desvaneceu por completo. Claro que já não fico ao lado dele durante os exercícios - repetitivos - que faz até à exaustão. Enlouquecem-me e irritam-me. Mas quando toca uma música do início ao fim já é um encanto. Especialmente se tiver o filho quase grande a cantar com ele.
Está quase a completar o seu 44º aniversário. Não sabe se quer um home cinema, um dvd simples, um telemóvel, ou camisas, ou calças, e já mudou de ideias umas 500 vezes. Já escolheu o que quer e já alterou o nosso presente sei lá quantas vezes. Tem um telemóvel pré-histórico que deixa de funcionar de forma mágica – e que nos desliga as chamadas – mas como ele funciona, de vez em quando, dois dias seguidos sem alterar o écran ou sem desligar 10 chamadas seguidas, ele acha que vai durar mais 10 anos (ah, ah, ah, ah). Já não posso com os panfletos, páginas retiradas da net, e livros de pontos e revistas de telemóveis.
Mas se não fosse assim, não seria ele, não é verdade?

Do filho mais pequeno; Bebucas: andas tão, mas tão sossegado que por vezes nos deixas preocupados. Quase não mexes, não sei se ficas assustado com a loucura que reina cá fora, com a confusão que os manos (os pais não...) fazem, se és apenas um bebé sossegado. Prefiro que mexas muito, agora. Cá fora logo tenho tempo para choramingar e pedir por um bebé calmo. E arrepender-me por estas palavras.
Penso que tudo esteja bem. De vez em quando dá sinal de si. Já quase temos o berço. E daqui a mais ou menos 9 semanas estaremos à tua espera de braços abertos.
Daqui a uma semana deveríamos ir fazer uma consulta e uma ecografia, mas o espectro da greve faz-me pensar que ficará para uma outra altura…
Senhores Enfermeiros; não querem mudar a vossa greve para outro dia, que me empate menos? É que nós queremos ver o Bernardo, ouvir o Bernardo, saber quanto pesa o Bernardo e tenho alguma curiosidade em saber quanto aumentou de peso a mãe do Bernardo. Além de que é o único dia em que ambos os irmãos poderão partilhar da visão do Bernardo presencialmente, sem faltarem à escola...
As malas estão prontas, faltam as gotas para as cólicas, o berço montado e uns chinelos para a Mãe.
A depilação e arranjar as unhas, se calhar, é melhor deixar para mais perto da hora H, porque talvez seja mesmo um pouco cedo…

De mim: Est
ou cansada. Olhei-me ao espelho e apercebi-me que afinal estou a ficar cheia de cabelos brancos (o quê?) e com rugas na testa e à volta dos olhos. O creme na cara - que eu não ponho (não punha) – está a fazer falta. Mesmo muita falta. Percebi que afinal já são 36 e que eles ao passar, foram fazendo estragos. Decido que tenho de ter tempo para me voltar a pintar (ou pôr betume na cara – como dirá o meu carinhoso marido) pôr brincos e colares, usar relógio e pulseiras, como fiz até à poucos anos. Mas juro que as boas intenções, de enormes, passam a minhocas tão, mas tão minúsculas, que nem sequer as vejo no meio da falta de tempo, entre os milhares de outras coisas por fazer e principalmente com a preguicite que se abate sobre mim; Bezerrar, jiboiar são verbos que se adaptam perfeitamente a mim no início e ao final do dia.
Mas continuo a subir e descer, a chamar nomes aos árbitros, a gritar pelés, a passar a ferro, a arrumar a casa, a lavar as casas de banho e a pôr a máquina a lavar e a secar. (Mas devo admitir que é só porque ninguém o vai lá fazer por mim - alguém se chega à frente?).
Mas já me sinto um pouquinho mais cansada.


Chegámos aos sete meses de gestação.

Setúbal, 25 de Março de 2010

10 março 2010

AINDA DO TEMPO, DE NÓS E DE TI

O tempo. O tempo continua a passar, como um relógio descontrolado que anda desmesuradamente depressa. Mas ainda assim demasiado devagar para a vontade que tenho de abraçar, cheirar, beijar e sentir.


Todos os dias quero que chegue mais depressa o dia 1 de Junho - pois aposto que é nesse dia que chegarás.


Todos os dias conto os dias que faltarão, eventualmente, para a tua chegada e tenho já saudades, antecipadas da barriga que ainda me cresce no ventre.


Hoje tens estado particularmente sossegado, não me ligas nenhuma e por isso não te tenho sentido. E agora que o silêncio chegou e nós os dois temos apenas o bater surdo dos nossos corações um para o outro quero ainda mais sentir-te.


Mas o tempo tem passado. A correr. Ainda ontem era Natal e soubemos que eras mais um rapazinho a caminho das nossas vidas e agora ja faltam menos de três meses para a tua chegada.


Temos tudo mais ou menos resolvido e mais ou menos encaminhado. Mas já sabes como é, à última da hora é sempre tão mais giro. As malas estão mais ou menos encaminhadas, a roupa também e o resto idem. Mas do encaminhado para o resolvido às vezes vão distâncias tão grandes, não é meu amor?


Mas não faz mal. Hoje esta conversa é só nossa. Sabes bem que que todos participam, cada um à sua maneira. O Gerinho canta para ti as músicas do João Pedro Pais, o Ivocas fala todos os dias e promete ensinar-te a falar e a lutar kick boxe, o Pai faz-te umas festinhas envergonhadas. E eu? Eu imagino as cartas que te deveria escrever, mas que não o faço por falta de tempo - desculpa esfarrapada, eu sei - mas todos os dias te dirijo palavras que só nós sabemos reconhecer e é aí que os sentimentos se enchem do sol, que também tu vais trazer para as nossas vidas.


Cresce meu lindo bebé. Assim como o nosso Amor por ti.



Setúbal, 11 de Março de 2010

05 março 2010

Todos nós...

E de repente fiquei pesada. Não foi bem assim de repente, mas subitamente, todos os dias à mesma hora, ao final do dia fui ficando mais e mais cansada.
Só (!!!?????) aumentei 4 kg (na verdade 3,200 se os cálculos forem reais e bem feitos) mas ao final do dia fico pesada, pouco ágil e com uma preguiça gigante (como uma também) o que me leva a ficar 2 horas a olhar para as escadas de casa (2º andar sem elevador, amigos) a pensar como vou ter coragem para as subir. Mas pronto, estou a exagerar, vá... levo meia hora, que o jantar não se faz sozinho e a casa não se arruma por pensamento.
De resto estamos todos bem. E felizes. E contentes. E o tempo a passar.
Se por um lado continuo a querer que o tempo passe mais depressa para conhecer o Bernardo e tê-lo nos braços, beijá-lo e cheirá-lo, amá-lo olhos nos olhos, por outro lado agora sim, começo a gozar plenamente a barriga (barrigona). Os pontapés em jeito de resposta, as cócegas no fundo, o ajeitar à noite para ambos dormirmos confortáveis, os toques ligeiros quando vou à casa de banho a meio da noite para me dizer que tudo está bem. E sim, vou sentir muito a falta de tudo isto. E nem quero pensar que será a minha última barriga e que será muito pouco provável voltar a sentir tudo isto. Mas não pensemos nisto agora.
A última consulta foi óptima. Continua tudo bem. Faremos uma nova eco no final do mês para avaliar o crescimento do rapazote. E sem dar por isso chegámos às 26 semanas.
Já começamos a ter tudo pronto. Ainda tudo muito desorganizado. Mas começa a ter tudo mais ou menos delineado. Faltarão duas ou três coisitas importantes logo para as primeiras semanas - como o berço, que a chuva nos impediu de trazer para casa - mas de resto só faltam as coisas para mais tarde. Sim, porque ele irá crescer. Embora todos queiramos que o tempo passe a passo de caracol depois do nascimento.
Os manos estão grandes, felizes e maravilhosos.
O mano quase grande - que desconfio que já não será quase pequeno por muito mais tempo - está mais dedicado à escola (se não melhorares as notas sairás do futebol, meu amigo - surtiu um grande efeito) e ajuda muito em casa, o que a mãe agradece do fundo do coração.
O mano quase grande com a mania que será pequeno para sempre - e que definitivamente não crescerá nos próximos anos - continua igual a ele próprio, todos os dias arranja um novo sítio para a mochila da escola e de manhã não se lembra qual é... e acordou-me hoje às 2 da manhã e perguntou-me: "Mãe, posso dizer-te uma coisa?", e eu respondo - com uma vontade irreprímivel de arrancar os olhos: "sim filho" e ele diz-me: "Mãe amo-te", cai(mos) para o lado e começa(ou) a ressonar. É maravilhoso... mas será que ele me podia fazer estas declarações de amor ao final do dia e não a meio da noite? Alguém lhe explica que a noite serve para o cérebro não funcionar?
O Pai continua igual a ele próprio. A esta nova versão, muito mais light, de bem com a vida e feliz, que descobriu à poucos anos. É claro que me pergunta a tudo o que quero comprar para o bebé: precisamos mesmo disso? Mas acaba por ser o casamento perfeito: a extravagancia com a sovinice, o que encontra sempre um meio termo quase perfeito (um dos dois acaba amuado por umas horas).
Tenho um vestido maravilhoso para vestir com tempo agradável: mandam vir tempo feliz e agradável, como a minha família, para eu o poder vestir? Estamos fartos do frio e da chuva.
Setúbal, 5 de Março de 2010