31 julho 2006


Hoje vou fugir para longe de ti e de todos.
Vou fugir para longe daqui, dali, dalém e de todo o lado.
Hoje fujo para longe de ti, de todos, mas acima de tudo, para longe de mim.
Tento evadir-me, mas a tentativa de fuga, permanente, não passa de uma simples ilusão, pois é em mim que trago a chegada, também.
Fujo, mas levando-me, levo igualmente todas as razões e todos os motivos.
E logo, já estou derrotada à partida.
Evoco os meus deuses, antigos e recentes, evoco os meus santos, as pedras e as velas.
O mar e o céu.
Mas já nem Deus me ouve.

27.07.2006

28 julho 2006



Hoje é daquelas noites em que me sei desinfeliz, sem saber muito bem a que sabe a nossa amargura, a que sabe a nossa tristeza e porque ainda sofremos, ambos, realmente com ela.
Já a possuímos vai para tanto tempo que perdi o rumo de a descobrir, já lhe perdi o rasto de lhe saber as razões, os motivos, as justificações.
Mas alimento-a. Mas mantenho-a.
Viva, sempre viva, dando-lhe mais motivos para ela me sofrer, para ela se erguer cada vez maior e mais desinfeliz na minha vida, cada vez mais possante, cada vez mais presente.
Sabes todos os quilos a mais que digo que ganhei depois de ter deixado de fumar todos os cigarros que me poderiam um dia levar para o caixão? Todos os quilos não foram ganhos pelos cigarros que deixei de fumar, não foram ganhos pelas guloseimas que usei para substituir os cigarros (e a ti...) foram todos ganhos, apenas alimentados pela minha tristeza, pela minha angústia, pela minha desinfelicidade, e principalmente pela minha inércia em fazer algo que te exclua permanentemente da minha vida. Acabando de vez com a amargura.
Com a nossa amargura.
Mas já me habituei tanto a ela, que já não lhe viro as costas, como se ela fosse também uma filha minha. A filha que nunca tivemos.
E mantenho-a, quente e conformada, feliz e poderosa. Acima de tudo… deixo-a governar.
Porque é o que nos une. Não é?

20.07.2006

Para meu coração basta o teu peito
para que sejas livre as minhas asas.
De minha boca chegará até o céu
o que dormido estava em tua alma.

Tu trazes a ilusão de cada dia.
Chegas como o orvalho nas corolas.
Com a tua ausência escavas o horizonte.
Eternamente em fuga, irmã das ondas.

Já disse que o teu canto era do vento
como cantam os mastros e os pinheiros.
És como eles alta e taciturna.
E entristeces de pronto, como uma viagem.

Acolhedora como antiga senda.
Abrigas ecos e vozes nostálgicas.
Desperto e alguma vez emigram, fogem
pássaros dormidos em tua alma.

In "Vinte poemas de amor e uma canção desesperada" de Pablo Neruda

27 julho 2006


Sabes aquela música do Roberto Carlos muito antiga, de quando eu era quase uma miúda que brincava apenas com tuchas - se é que alguma vez eu o fiz - mas aquela musica que fala dos detalhes, daquelas pequenas coisas que nos fazem lembrar um do outro.
E hoje estou assim…todos os detalhes me fazem recordar de ti, e por mais que me lembre da outra musica que diz que recordar é viver, preferia que a memória se apagasse como um disco rígido e nada mais me fizesse saltar-te à memoria como se de um boneco com mola que salta sempre nos momentos menos convenientes da vida para me recordar o quanto te amo. E não é apenas na hora dos detalhes que acabo por me recordar de ti, acaba por ser todo o dia, porque tudo está impregnado de ti. Não tenho a tua fotografia, não sei qual a tua música preferida, mas tudo me faz lembrar de ti… só recordar os dias solarengos que tanto prazer te dá, o mar que tanto gostas de ver…
Será que isto é mesmo como diz o Roberto Carlos, que diz que os detalhes se transformam na longa estrada da vida, e que vão torná-los apenas uma recordação? Ou poderá ter sido um grande amor mesmo, e que por isso talvez, de vez em quando tu me vais recordar… e eu ainda vá viver na tua vida… num canto pequenino do teu coração armado de betão e fechado para tudo e todos?
10.05.2006

24 julho 2006


Olhando para trás, para tantos momentos felizes nas nossas memórias, fico a olhar para as recordações e a tentar chegar a uma explicação para que eu deixe o medo também para trás, e me deixe mergulhar em todas as coisas boas que as recordações me podem trazer.
Sabes que a minha vida voava a cada beijo teu?
Sabes que a minha vida estremecia a cada abraço teu?
Sabes que cada abraço teu me fazia parar no tempo, na vida e na respiração?
Todos os gestos imperfeitos que tinhas eram adornados de um perfume das noites e dos dias que o tempo acabaria por trazer ao teu lado…
Em todas as vezes que me deixaste sonhar por completo, julgando que tinha uma rede lá em baixo…que me iria amparar na queda, que inevitavelmente acabaria por dar, todas as vezes fui dona de um céu maravilhoso, azul de céu, verde de mar, e branco de núvens… apenas grávido de estrelas e de luas cheias de magias.
Sabes que a minha vida terminou no dia em que deixei de estremecer, apenas por medo?
Sabes que deixei de parar no tempo, na vida e na respiração apenas porque me mostraste que a rede não existia?

20.07.2006

Pleno dia. Dia cheio. Luz. Muita luz. Céu. Imenso céu azul.
Ainda te lembras quando chegavas cheio de urgência minha? E que logo ali, no chão, atrás da porta, ainda mal fechada, sacavas daquilo que te faz homem com a necessidade de me fazeres mulher?
E apenas com a simplicidade de quem quer receber, mas não apenas dar, arrastava-mo-nos mutuamente até qualquer sítio que servisse os nossos intentos.
Mesmo que fosse a 2 passos daquela porta, daquela entrada. Porque ambos tinhamos a sensação que ali, mesmo atrás da porta, ouviriam a nudez de cada um de nós.
Fugias na cama desfeita procurando na minha boca o beijo que a tua boca me recusava. Negavas-me com as tuas mãos porque não querias partilhar o teu corpo, prendendo as minhas com as tuas.
Mas com a ansiedade do sexo pendente, do amor entumescido, convencias-me, convencendo-me que a tua boca era quase minha, que as tuas mãos eram só minhas, dando-me o teu corpo.
E eu julgava-te quase meu.
A minha boca contava-te segredos pelo desejo que querias demorar em mim.
Mas tu levantavas-te e voltavas a cair na minha boca apenas para não me dares a tua. Mas também para abafares o gemido contundente e calares-me a língua.
Abraçavas-me o corpo erecto de olhos fechados.
Partilhavas-me com o teu prazer necessitado.
E por isso parecia-me que os teus beijos eram mais meus do que na realidade o eram. E que as tuas carícias eram mais profundas do que os meus olhos viam, na realidade.
Até ao nosso êxtase. Total.
E depois... deixavas-me ficar nos teus braços como se fossemos a melhor coisa da, e na vida um do outro.
Porque a necessidade de amar era urgente e voltaria em breve.

15.07.2006

20 julho 2006




Os amigos são como os anjos, que nos levantam nas pontas dos pés.
Quando as nossas asas têm problemas, eles lembram-nos como voltar a voar.
Porque não és um desse anjos na minha vida?
30.08.2005

Hoje estou vazia de palavras...
20.07.2006

Pior Velhice

Sou velha e triste. Nunca o alvorecer
Dum riso são andou na minha boca!
Gritando que me acudam, em voz rouca,
Eu, náufraga daVida, ando a morrer!

A Vida, que, ao nascer, enfeita a touca
De alvas rosas a fronte da mulher,
Na minha fronte mistica de louca
Martírios só poisou a emurchecer!

E dizem que sou nova... A mocidade
Estará só, então, na nossa idade,
Ou está em nós e em nosso peito mora?!

Tenho a pior velhice, a que é mais triste,
Aquela onde nem sequer existe
Lembrança de ter sido nova... outrora...

In "Sonetos" de Florbela Espanca

19 julho 2006


Saudades
Saudades de ser pequena e de me achar no teu colo, saudades de ser infantil e de tudo me ser permitido, saudades de ser pequenina e poder dormir aninhada nos teus braços.
Mas saudades dos dias em que as nossas vidas corriam sem problemas… coisa que nunca sucedeu…mas que gosto de inventar para me acalmar quando julgo que vou cair e que não mais me vou levantar.
Saudades… saudades da barriga que cresceu contigo lá dentro... da sensação de poder, maravilhoso poder, ao gerar a tua vida dentro de mim…saudade de te saber apenas meu, no meu corpo, vivendo por mim e comigo.
Saudades… saudade de quando dependias de mim, mamavas, e sugavas de mim o que te fazia crescer…
Saudades… tantas saudades… Apenas saudades.

18.01.2006

Correndo daqui para fora
Saí em busca de ideais
Fui rebuscar os sonhos
Perdidos com a inocência
Escondidos nas sombras
Amarrotados em sujas esquinas
Não vos encontrei
Do mesmo modo
Em que vos abandonei
E aonde me abandonaram
Mudei.
Vejo-vos diferentes
Cresci e fiquei muda
Deixei de falar
Perdi a voz
E na solidão
Perdi-me também.

29.10.1994

O meu amor é a minha prenda encantada, o meu lar imenso, o meu espaço sem fim.
O meu amor não precisa de fronteiras, e, tal como a Primavera não tem preferências por quaisquer jardins. Todos os jardins são seus. E maravilhosos.
O meu amor é um amor de mercado de rua, porque é um amor que pode também sangrar, e não é um amor de lucrar.
(A não ser que tu... tu sejas o meu lucro...)
O meu amor é tudo quanto tenho.
E se te nego, ou me vendo, para que me serve respirar o ar que me faz continuar?

19.07.2006

A minha amargura, a minha solidão, a minha tristeza serão de tal forma sólidas que me partem em partículas tão infinitas, e, totalmente impossiveis de reconstruir?
19.07.2006

Hoje é um daqueles dias que me apetece apenas ouvir-te dizer o quanto me amas… mas tu não o dizes… e hoje sinto-me sozinha e abandonada neste mundo cão, e em que todos caminham apressadamente sem dizer nada, sem olhar, sequer para quem anda ao seu lado…
Hoje é daqueles dias em que nervosamente me pinto e que necessito de te ouvir dizer amo-te… mas tu não o dizes… e eu só me sinto… só e abandonada. E fico a achar que tu és apenas um igual a todos os outros… não és aquele que me prometeste ser nas noites idilicas, em que me acordas de madrugada, para apenas fazer amor… ou apenas montar.
Hoje é daqueles dias, em que o sol apesar de brilhar me faz sentir triste e só… hoje é daqueles dias em que me apetecia ser uma borboleta a voar contra um candeeiro de 500 volts e apenas arder.
Hoje queria que estivesses aqui, e que me tivesses acordado com os teus melhores beijos, hoje gostaria que me tivesses dito que sou a mulher da tua vida, que sem mim não serias tão feliz.
Hoje queria ser especial na tua vida, hoje queria ser tudo para ti. Hoje… apenas hoje, queria ouvir da tua boca o quanto me amas… sem subterfúgios, sem meias palavras, sem olhares para o lado.
Hoje queria que me olhasses nos olhos e me dissesses bem fundo que sou mesmo a mulher da tua vida. Apenas hoje.
Não amanhã, não ontem, não depois, não antes. Apenas hoje.

10.05.2006


17 julho 2006


Errar
Todos erramos, na caminhada longa da vida. Uns mais de uma maneira, outras mais de outra. Todos na senda de sermos mais felizes. Acho eu.
E sabes tu.
Os erros trazem sempre à vida, flores murchas, notícias de morte para além de imagens de amores passados.
Amar é um erro?
É porque não sei se se ama alguém com loucura, ou se se ama alguém por loucura. Ainda não descobri.
E não sei se é por ainda não o ter descoberto que, só por esse simples motivo, estou aqui parada nesta rua larga da vida, à espera da resposta aos meus erros, e de tanto esperar… deixei de saber onde estou, nem o que sou ou quem sou.
E fiquei presa à fixidez branca de uma ideia imóvel, feita memória, já perene.
Qual o preço dos meus erros? A Vida? Apenas a Vida?
A Vida somos nós. Sempre nós, mas também mais alguém. E quando esse alguém morre, todos morrem.
Sobrevivem apenas os pedaços, desencontrando-se no caminho interrompido.
Da lembrança. Na memória.
Ou na Vida?

13.07.2006

14 julho 2006


Tanto amor destruiu-me
O amor próprio acabou-se-me
Repudiada sou, assim ficarei
Vagando - numa revolta
De núvens negras
E de rugidos marítimos
Sozinha regressarei
De onde vim...
Das hordas simples
Das crianças enclausuradas
Em muros de silêncio
E construídos pelas mãos.

16.04.1995

Pássaro ferido
No amago do seu ser
São as asas quebradas
A privacidade de voar
De se libertar
E de alcançar
O céu azul
Aberto e solto
Com tudo
E sem nada.

15.04.1995

Procurei-te na vida
Tive-te quando me olhavas
Sonhei-te em palavras
Que em mim te abandonavas
E era assim que me amavas
Mas nada de tão real
Quanto o choque da partida
Nada de tão doloroso
Nada de tão desesperante
Desfigurou-se-me a alma
E assim me fiquei
Vagueando à tua procura
O teu olhar procurei
Mas nada encontrei
Na minha procura.

29.10.1994

Perdi...
Nesta luta incansável
De te ter
Perdi -
Não só a ti
Mas também o amor
Por mim -
Sinto como fogo
Devorar recordações
Que nem o dragão
Que me destrói a vida
Baseada na memória
Irrealidades, na maioria
Sentimento de ruptura
Sensação de abandono
Exclusivamente meu
Como eu sempre te quis
Tenho agora esta sensação
De ser vulgaridade
E por isso largada
É um adeus profundo
Demasiado carnal
Pouco nada etéreo
Por mim,
Vive e deixa morrer
Os sonhos loucos.

06.08.1994

Partiste...
Deste a largada
O barco levantou ferro
E eu aqui fiquei
Foste lá longe
E eu daqui
Ia vendo a vela abrir
Cobrindo o céu
Aquele que me iluminou
A mim e aos meus sonhos
De quem fazias parte
Mas agora assim
Lá de longe
Não me deixas viver
Fiquei-te a chorar
Mesmo sem o merecer
E aqui me tens
Mesmo não me querendo
Tendo por lá ficado
Por assim preferir
Fui-me deixando morrer
Perdendo o fio do horizonte
E a linha da realidade
Embrenhei-me num mundo
Em que só loucos caminham
Ajudando-se a morrer
Matando-se pelas mãos
Pelas mãos de uns e doutros
Que são as nossas
Morri, sou enterrada
Sem regresso possível
A este louco mundo
De mansa selvajaria...

04.08.1994

Hoje estou num daqueles dias… num daqueles dias em que sinto a tua falta na pele, na boca, no sexo, em todo o lado, mas não te tenho e não te voltarei a ter.
Deixei-te e tu deixaste-me, e isso fez abrir buracos nas nossas almas.
Na minha fê-lo.
Um grande buraco, gigante, que me deixou vazia e sem saber o que me dizer quando sinto a tua falta, e quando sinto a falta do teu corpo na minha cama, da proximidade do teu corpo para to apertar, e dar-te apenas aquilo que ainda é teu, simplesmente não sei o que dizer à minha saudade, quando sinto o desejo a subir pelo meu sexo acima e não me consigo acostumar a não te ter perto de mim.
Nem longe.
E sinto-me sozinha, e sinto-me abandonada, e não te tenho, e por mais que pense que assim foi melhor para ambos sei que cá dentro sinto demasiado a tua falta, e que me dói é demais, e apenas, tu não sentires a minha falta e andares tão bem e feliz apesar da minha ausência da tua vida.
E continuas a magoar-me, sem as tuas palavras, sem o teu desejo, sem a tua ausência.
Afinal dói na mesma. E o vazio fica sempre, e volta a saudade e continuo sem saber o que dizer às saudades, ao meu corpo que te reclama, que quer o teu corpo de novo, quer a tua boca, quer o teu desejo no presente, quer ainda assim a tua ausência, quer ainda assim os teus silêncios, porque isso é melhor do que nada.
Tudo é melhor do que o fim.
Tudo é melhor do que o buraco que tenho na minha alma, e que me deixa sem saber respirar, sem saber viver, sem saber olhar o mar que nos uniu.
Quando o vês, o mar, a bater na areia, ainda pensas algum pedacinho de céu em mim?

10.05.2006




Sentir-te é como amar
Ver-te é sonho profundo
Adormecido no fundo
Voar até ti é urgente
E contigo partilhar o céu
E de ti restar mais que eu
E ficar em ti
Até nada mais restar
Senão o mar a bater
E o teu coração a pulsar
E o teu abraço a tocar-me
E eu a deixar ir-me
Sem certezas, e... sem medos.

18.08.1995

Respirar o teu ar
Viver ao teu lado
Sentir o teu sorriso
Cheirar a tua vida
Abraçar-te será
O mais recôndito desejo
Beijar-te será
O mais diáfano sentimento
Amar-te
O meu mais feliz segredo.

17.01.1995

Chorei por um dia
Mas às lágrimas
Ninguém as viu
E o vento as secou
Sem que antes
Queimassem vida
Um pouco mais
Desse néctar
Tão precioso
E eu aqui estou
Chorando...

04.10.1994
Esta noite acordei sozinha.
O teu lugar na cama estava vazio.
O teu lugar à mesa estava vago.
A tua escova de dentes não estava já na casa de banho.
E a tampa da sanita permanecia sentada…
Corri casa a casa na esperança, vã, de tropeçar em ti, escondido em qualquer gaveta ou armário… quem sabe pendurado atrás da porta, qual velho robe, feito segunda pele, à minha espera para me abraçar o corpo magoado e a alma sentida, tudo apenas cansado.
Por fim, abri as janelas, e aguardei, sentada no centro da casa, não fosses tu entrar por uma abertura e o vento, ou a brisa, soprar-te por outra… e eu não dar por ti.
Pelo teu regresso.
Acordei num tapete enrodilhado em mim… mas não eras tu.
Eras apenas as tuas recordações.
Já nem o teu cheiro me persegue nas manhãs assombradas pela tua sombra.
Já os teus passos não me seguem pela casa durante a noite.
Já nem o som da tua voz me povoa as noites, repletas de ti a encher-me a cama e o corpo, e sempre, sempre, a esvaziar-me a alma.

14.07.2006


Aninhar-me nos teus braços
Sentir o teu calor
Enrolar-me no teu corpo
Cheirando-te os odores
Viajar na tua mente sequiosa
Oferecendo-te novas sensações
Criar-te o desejo
E mantê-lo tal e qual
Como criança
Criada a favos de mel
Roçar a tua pele na minha
Percorrer os caminhos
De que são feitos os céus
Adaptá-los ao teu corpo
Deleitá-lo com a frieza do mar
Reaquecê-lo com a fogosidade

Do sol?
Deitados na orla maritima
Com o grito das gaivotas
Entrego-me a ti
Meu cavaleiro andante
Montado num cavalo de pau
Donde desces
Para me abraçares
E para que eu possa
Chorar - livremente -
Dás-me a tua força imaginária
E eu passo
Do sonho à ilusão
E sinto-te perto de mim
Agora nesta loucura divina
E tu regressas à nossa cabana
Escondida entre serras

E montes
Rodeada de verdes
Coberta de azuis
E eu... eu...
Eu reabro os olhos
E volto mais uma vez
Ao mundo real.

06.08.1994

13 julho 2006


Um sorriso teu
Sabe-me a mar
Infinitamente mar
Até aquela bola de fogo
Que nos aquece
E ilumina na escuridão
Um sorriso teu
Traz-me uma vida
Que não sentia
Transmites-me uma paz
Que até aqui
Não era a minha.

07.01.1995

Seca essas tuas lágrimas
Pois já aqui estou
Para tas secar
Já aqui estou
Para chorar na tua vez
Dá-me as tuas dores
Que é o teu sorriso
Que me enaltece
E és tu que me vive
Em dias e noites
De vidas tempestuosas
Ou em estranhas calmarias.

07.01.1995

Senti-te apressado
Como quem corre
Para algo
Que está perto
Mas em risco
Senti-te apressado
Como quem tem pressa
E não sente falta
Da minha presença
Senti-te apressado
Como quem vai abraçar
Uma parte da vida
À qual eu não pertenço
Senti-te apressado
Como quem não corre
Assim, por mim
Até mim...
Senti-te apressado
Como quem vive
A sugar o tutano da vida
Mas não comigo
Presente, ao seu lado
Senti-te apressado
E foi assim
Que o primeiro muro
Foi construído
E foi assim -
Apressado
Que me esqueceste
E me deixaste
Para trás
Assim... apressado.

04.02.1995

Refúgio

Aninhar-me nos teus braços
Sentir o teu calor
Enrolar-me no teu corpo
Cheirando-te os odores
Viajar na tua mente sequiosa
Oferecer-te novas sensações
Criar-te o desejo
E mantê-lo tal e qual
Como criança -
Criada a favos de mel
Roçar a tua pele na minha
Percorrer os teus caminhos
De que os céus são feitos
Adaptá-los ao teu corpo
Deleitá-lo com a frieza do mar
Reaquecê-lo com a fogosidade do sol
Deitados na orla maritíma
Com o grito das gaivotas
Entrego-me a ti
Meu cavaleiro andante
Montado num cavalo de pau
Donde desces para me abraçares
E para que eu possa chorar livremente
Dás-me a tua força imaginária
E eu passo de um sonho
Para a ilusão
E sinto-te tão perto de mim
Agora nesta loucura divina
E tu regressas à nossa cabana
Escondida por entre montes e serras
Rodeada de verdes
Coberta de azuis
E eu... eu...
Eu reabro os olhos
E volto mais uma vez

Ao mundo real...

06.08.1994

O Amor

Só um grande amor entende os limites que não pode ter para ser grande.
A justa medida é apenas o modo de apaziguar o louco que existe dentro de cada um de nós.
Se um dia me encontrar contigo…vou viver-te, sem procurar o que está certo, ou o que está errado.
A vida é breve, demasiado breve, embora a alma seja extensa.
Tenho de viver de acordo com o modo como os outros me querem viva ou segundo a escolha da minha própria construção? Viver… É essa a relatividade das coisas. Para mim a vida apenas se vive desmesuradamente.
E para encontrar o Amor, para o enredar em mim, para descobrir um Amor de verdade, basta abrir os olhos.
E pelo meu trajecto ficarão os meus actos partidos em pedaços.
Só no fim do caminho, de um longo caminho, se podem juntar os pedaços partidos e se ver à distância as cores de toda a minha insensatez.
Mas terei finalmente vivido um grande Amor.
Até ao nosso encontro, espero por ti, aqui neste mais Verão das nossas Vidas.

13.07.2006
Amor, passou tanto tempo desde que estive contigo.
Amor… mas eu eu sei que valeu a pena esperar.
Amor… continuas lindo e cheiras a Primavera no Verão, cheiras a Natal em Junho.
E sempre que fecho os olhos agradeço a Deus por te ter posto na minha vida, e sempre que penso em ti, penso para mim que não percebo como foi possível que alguém como tu tenha reparado em mim.


DESISTO DE ESPERAR?
10.05.2006

Hoje estive contigo pela última vez, outra vez.
E como sempre, foi uma espiral de doçura e loucura para mim.
E como sempre, foi uma espiral de despedida para mim.
E como sempre, quando te foste embora fiquei com este vazio ao qual não tenho nome para dar.
E agora que nada tenho para abraçar, a não ser apenas o teu cheiro, fico aqui, à espera... que tu voltes para me dizeres que sou apenas a tua estrela da sorte, que sou apenas isso e muito mais.
Não apenas que tenho lugar no teu coração, mas sim que o ocupo todo.
Mas não…
Estou aqui, apenas sozinha.
Sem ti.
E apenas comigo.
E sabes que mais? Não gosto do que vejo, não gosto do que sinto.
Não gosto de mim. Não presto. Não valho nada.
Se não fosse assim, porque estaria aqui sozinha agora?

20.06.2006

11 julho 2006


É este o mar que me embala
É este o mar que me adormece
É esta a água que me refresca
É esta a areia que me cobre
É este o mar que me leva
É este o som que me fecha
É esta a água que me sufoca
É esta a areia que me enterra
E é assim que vou e volto
E é assim que te tenho.

09.07.1995

Tristeza a minha
Que daqui não saio
Triste vida
Que não me deixa
Tristeza de que sou feita
Que não me larga
Triste sina a minha
Que não muda.

08.07.1995

Ai menino do meu coração
Quem me dera estar
Algures, bem longe
No espaço e distância
Deste momento
Ser quem fui em criança
Amar, amar
Sem medos nem terrores
Ter-me e haver-me
Nos braços de alguém
Sentir, só sentir
Ai menino do meu coração
Quem me dera ter
Amor e mais Amor.

06.05.1995

Espera de calma

Ansiosamente esperei
Heroicamente aguardei
Mas por fim
Já destruída, ruí
E mesmo assim
Continuo à espera
Que esse mel
Que é a tua voz
Se volte a dirigir
Na minha direcção
Ao meu ouvido
Para continuar.
O meu fascinio
A minha alegria
A minha tristeza
Têm andando inseparáveis
Como tu e eu
No meu pensamento
Os sonhos meus
Albaroaram a realidade
As distâncias encurtaram
E a vida embelezou-se
Todos sorriram
O sol brilhou mais
E agora tudo parece
O que sempre foi
Tudo se movimenta
Todos apressados
Sorrisos gelados.
Hoje o mundo
Pertence a homens
Feitos grandes
Esquecidos dos sonhos.


04.02.1995

Os abraços de ninguém
O pânico da solidão
O reconhecimento da dor
A dolorosa sensação
De não ter voz
Nem direitos
De te fazer regressar
As paredes de vidro que espessam
E eu já não consigo distinguir
Já tudo é tão baço
Que nem com o Amor
Quebrarias o gelo
Este frio abraço
Da eterna e maldita
Que é esta minha solidão
E és tu que partes
E és tu que te vais
Enquanto eu te cuidava
Tu já saías de manso
Sem olhar para trás
Enquanto eu te acarinhava
Tu corrias, já ao longe
Bem longe, lá longe
- De mim -
Enquanto eu...
Eu aqui ficava
Pensando que voltavas
Antes dos frios abraços
De ninguém
Que de novo
Me envolvessem
E assim estou...
Só e abandonada
Até por mim mesma.

04.02.1995

Esses teus lábios
Nunca por mim vistos
São dois mundos
Na minha boca
Esses teus olhos
Nunca por mim vistos
São dois céus de mar
Para o meu olhar
Esse teu sorriso
Nunca por mim visto
É a perdição
Da minha necessidade
Esse teu abraço
Nunca por mim sentido
É a loucura do meu corpo
São os meus sonhos...

04.02.1995

Sentimento sonhado
Sentidos à espreita
Voô picado
O olfacto dorido
De cheirar a vida
As narinas rasgadas
Do poder do vento
A força da mente
Equilibra-se com o sorriso
Amar-te. Amar-te.
Senti-te a sombra
E não te tive.
Senti-te o cheiro
E não te toquei.
Dei-te a magia
E tu, tu, tu...
Não compreendes-te
Amor da minha vida!
Amor da minha tristeza!
Tudo o que te dei
Recebi de volta
Os sonhos, as ilusões
Por realizar, ainda.

1995

Agastada virei-me
Revoltada revi
Todos os sentimentos
De ternura
Com nostalgia
Sentida, recordei
Ouvindo os risos
Cheirando as fragâncias
Da infantilidade
Da meninice
Que tudo sabe
E tudo pode
Não são barreiras
Que se erguem
Não são tumultos
Que se avizinham
São esperanças...
Que regressam.

17.03.1995

Foi assim que te fizeram
Doce e linda
Nesse mar de calma
Que vagueia entre vidas
Dando-nos sorrisos
Que aquecem a alma
Do mundo de tristezas
Que nos foi concedido
Criaste alegrias!
E lutaste...
Com essa arma
Que é esse teu amor sentido.

12.11.1994

Fechei os olhos
E encontrei-te
Sonho da minha infancia
Palavras esquecidas
Mas nunca proferidas
Mas sempre entendidas
E ... (enternecidas) ...
E aqui e agora
Estou!
Para não te ter
Abandono da minha alma
Que talvez nem exista...

07.09.1994

Silêncio total
Onde ruídos não reinam
Sofrimento feroz
Onde lágrimas -
Não são alheias -
Terror atroz
Onde o medo
Faz vitimas
Noites totais
Levam-me os magos
Até florestas amaldiçoadas
De onde jamais...
Regresso?

07.09.1994

10 julho 2006


O teu amor adormecido
Pela baia
Dos braços de alguém
Fechou-se no silêncio
Teu tenebroso companheiro
Puxas de um cigarro
Chama alta
Ponta vermelha
Mesmo assim
Ele não acorda
Assim largado na ternura
Não quer ser abandonado
E assim permanecendo
Vão ficando
À deriva num mar de enganos
Em silêncios enganados
Em sorrisos convincentes
Em pensamentos inventados.

08.1995

É com estes anjos
Que me vou até ti
É voando nestas asas
Que me chego a ti
É por ti e em ti
Que te vejo sol
Lua alumiada
Em noites de água fria
São ternuras
São carinhos
São pontapés desfeitos
Num muro alto
Intrasponível -
É frio, é seco
- É doloroso,
Mas ter-te é assim
Sentir-te fugaz
Fugindo.

04.08.1995

Tocar-te é intocável
Chegar a ti insuportável
O teu amago distante
O teu ego transbordante
Apressado, rápido
Usar e deitar fora
Deixas-me desarmada
E de memória vazia
Dei-te o que tive
Acrescentei o que tenho
Aqui fico, meio despida
Só, solitária, sonhadora
Desencorajada
Solitariamente vazia
Amarguradamente feliz.

04.08.1995

Entreguei-me nos teus olhos
Por onde me abandonei
Nesse teu olhar de mar
Feito em calmaria
Nadei em ti
Para te mudar
E apenas recebi
A expulsão do paraíso
E foi assim que cresci
Menina... em mar azul.


A uns quaisquer olhos azuis...
O meu mar de ternura.


29.10.1994

Olhar é como viver
Noutros mundos
Feitos de mares
Enfeitados de poeiras cósmicas
E eu voltando
Sempre, para sempre
Para ter mais
E a ti
Olho-te e quero-te
Em ti
Fica-se-me o olhar
Gravado na memória
A ferro e fogo
E regresso
Para ter mais
Nada pára
Nada muda
E sempre melhor...
Estamos nós
Assim, quase crescidos
Brincando de Amor...



29.10.1994