25 dezembro 2010

NATAL


O Natal este ano foi um bocadinho triste.
Também foi, claro, muito feliz.
Mas este ano pensei muito nas pessoas que já cá não tenho.
E isso pesou-me. Pesou-me na Véspera de Natal, ao almoço, ao jantar, na falta das rabanadas.
Mas este é o percurso natural da vida, quer queiramos, quer não. É assim que a vida nos faz mais fortes ou mais fracos.

A mim tornou-me mais forte. Mas este Natal tive particularmente pena de que o Bebucas 3 não vá nunca conhecer o meu Avô. Não conhecerá a sua bengala esticada para o fazer tropeçar, caso se portasse mal, não vai conhecer um sorriso maravilhoso.
O Bebucas 3 não vai recordar a minha Avó, pois ela esteve cá pouco tempo com ele. Não vai saber a que sabem as rabanadas da Avó, nem comer omeletes de miolo de camarão feitas por ela. Não se vai deitar na cama de casal, sem se poder mexer, quando estiver doente, ao lado dela.
O Bebucas 3 não vai conhecer o meu Pai. Não vai saber que aquele Avô foi um super Avô e que iria amar de morte também aquele Bebucas. Sei que ele olha por ele, lá de cima. Mas custa-me saber que ele não irá andar no seu velho BMW, não vai achar moedas no carro dele, não vai comer massa de peixe, nem cozido à portuguesa, nem vai beber compal de pêra ao café do chico com o avô.
O Gerinho acha que ele iria ver todos os seus treinos e jogos de futebol. Que ele seria o seu maior admirador. Não tenho dúvidas. É a única forma de verbalizar o avô.
O Ivo só tem um vazio. Sente-lhe a falta. Do bigode, da comida, do carro, do ovo kinder que o avô lhe dava nos anos. Os pormenores que ele não esquece e que me doem magoarem-no tanto.
O Bebucas 3 não vai conhecer o Pai do Pai. O Avô Silvino. Teriam os melhores Avôs do Mundo, os meus filhos se cá estivessem ambos.


Mas foi Natal.
O primeiro do Bebucas que esteve, estoicamente, acordado, a tentar comer papel das prendas que foi a única coisa, pela qual ele mostrou verdadeiro interesse. Isso e tentar arrancar as bolas da árvore de Natal, cada vez que passou por ela ao colo.

Feliz Natal para todos.

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