24 junho 2011

IVOCAS / BEBUCAS 2 / 11 ANOS




O tempo. O tal que não é meu amigo. Que não me deixa ter mais tempo para aquilo que é realmente importante. Os meus filhotes.



O Ivo é o Ivo. E quem o conhece sabe que é assim. O mundo tem prioridades que só ele conhece. O mundo tem ritmos que só ele reconhece. O mundo tem nuances que só ele entende. O mundo é tantas vezes só dele, como muitas outras ele também se perde no mundo.



Está maroto. Muito maroto. Tão maroto que não percebo como é que aquela cabeça de 11 anos estão tão anos luz na malícia à frente de todos. Não lhe escapa nada quando alguém diz algo errado, ele, com um radar gigante que tem para as asneiras, assinala logo... e di-lo de boca escancarada para quem quiser ouvir, o que já me deixou envergonhada algumas vezes.




Continua dorminhoco de manhã. Adormece sempre tarde, porque à noite não tem sono. Acorda sempre com dificuldade, porque de manhã é tão bom ficar na cama.



É defensor dos fracos e oprimidos. E mete-se nas encrencas mais espatafúrdias que alguém possa imaginar. A vida dele seria um filme daqueles de rir. Desabridamente.



É meigo. Muito meigo. Muito doce. Cuidadoso. Mas começa a ter vergonha de o ser. Como se ser boa pessoa fosse motivo de vergonha. As crianças têm as perspectivas erradas. E por mais que eu lhe diga o contrário, ainda acha que os amigos têm mais razão.



Nunca arruma a mala para ir de férias. Mas é ele que organiza os lanches todos os dias para ele e para o irmão mais velho. Leva o santo dia a ser chamado pelo irmão que o crava para tudo e mais alguma coisa. Ivo, vai -me buscar o jogo, ivo vai-me buscar um iogurte.



Zanga-se com coisas sem importância. Fica magoado por outras importantes: o mano não me deu um beijo quando cheguei. O mano não me chama mano, chama-me ivo na escola.



Não gosta de perder.



Fala pelos cotovelos. Muito depressa. Tão depressa que não o percebemos, e como tem de repetir tudo não sei quantas vezes, esquece-se do que ia dizer e acaba por desistir. Conta estórias intrincadas - nas quais nos perdemos e ele também - e gosta de ver filmes de terror e coisas parvas na internet.



É bruto com o mano bebucas 3 - e com todos em geral - com quem tem brincadeiras que por vezes roçam os limites da brutalidade, mas ama-o incondicionalmente, embora lhe tenha vindo roubar o estrelato do mais pequeno. O bebucas 3 acha que é giro dar-lhe chapadas. E riem que nem dois malucos à solta no Júlio de Matos. Gosta de ver televisão. Simpson é a série preferida. Horas a olhar para a tv quase a babar.



Aprende inglês com uma facilidade surpreendente. Apanha quase tudo o que se diz e traduz.



Esquece-se do material escolar, perde o material escolar, dos recados, dos testes, das chaves, do telemóvel, da roupa no balneário o que se traduziu em muitas faltas de material ao longo deste ano, muitas perdas e muitas orelhadas também.



Mas foi um aluno muito esforçado e trabalhador. O seu empenho deu frutos e surpreendeu muita gente que não apostava num aluno como o Ivo. (Parabéns meu grande Amor doce).



Continua a chocar com as portas. A distracção não tem limites. Cai da cama a dormir e acordado também.Veste a roupa ao contrário e tem um coração do tamanho do mundo. Zanga-se hoje mas amanhã já não tem rancor.



Mas não se esquece se lhe baterem. E não perdem por esperar, porque ele vai bater quando puder.



Andou à pancada algumas vezes na escola. Diz que quase sempre por causa de outros.



É namoradeiro. Mas inconstante. É destemido. Por vezes matreiro. É meloso. É sensível e vê coisas que nós não conseguimos ver. Faz conchinha comigo na cama e é o único que dorme comigo assim. Gosta de contacto fisico como eu.



Fala com o olhar e basta-me olhar para ele e diz tudo com aqueles olhos castanho escuros amendoados. Temos uma ligação de amor/ódio, pois queremos sempre falar os dois. É parecido comigo. E tem medo de andar de carro comigo.



É quem me sente sempre no fio da navalha e me dá a mão quando não estou bem. Não tem medo e não se fecha, não foge e não se afasta. Ainda não cresceu, embora ele queira crescer à força.





É um bom menino. O meu menino.

1 comentário:

Natália disse...

Olá querida é a Natália.

É tão bom "ouvir" falar assim do teu filho, é sinal que o conheces muito bem e que és uma boa mão.

beijinhos