09 janeiro 2008




Bati de frente contigo. Num momento de pura coincidência, daqueles que nos faz pensar que Deus tem um sentido de humor demasiado sarcástico... Deixei o dique rebentar, de novo, e sem sem que te apercebesses, senti-te o cheiro mais uma vez. Sorri, levantei a cabeça, abri ainda mais um sorriso escancarado, evidentemente fingido, forcei-me a manter a aparência de calmaria, e, na primeira oportunidade, fugi, a passos largos, dali para fora, para fora do teu alcance, com o teu cheiro a encher-me as narinas, o toque da tua mão na minha, o roçar da tua barba na minha cara, e, fiz de tudo isso a avalanche que de seguida me tomou, e, sem que o pudesse evitar, me desfez em lágrimas sentidas, quentes, ao contrário da chuva gelada que caía à minha volta. Ambos sabemos que o nosso tempo nunca existiu, ambos sabemos que os momentos que tivemos foram roubados ao destino, que sempre recusou a nossa conquista do Amor. Agora, ambos sabemos que não nos amamos, eu sei que nunca me amaste, e, já eu, sei que já não te amo. Mas, também sei, que já não voltarei a sentir a força avassaladora daquela paixão que me enchia as noites, as madrugadas, os dias e me fazia insuflar de vida. As lágrimas que chorei ao ver-te partir num carro, já desconhecido para mim, não foi tanto de saudade, mas de raiva de não sentir aquela vida que me inundou naqueles maravilhosos meses em que quase nos tivemos.





Cá dentro do meu coração, num sitio, para o qual só nós conhecemos o caminho, guardo-te apenas meu. Incólume.
9.01.2008

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