09 outubro 2007



Foste que me deste esta tristeza que trago cavada, funda, no peito. Ofereceste-ma tu embrulhada em fitas de cetim de um encarnado enganador. Já não posso entrar na tua vida, logo eu que de menina ingénua e etérea já não tenho nada, por outro lado a loucura e os devaneios de te fingir em carne e osso, de alma viva e entregue a mim mantêm-se inexoráveis. Levaste-me a vida para longe e eu finjo que te aprisionei a alma por entre os meus dedos como se fosses um passaro à procura de liberdade. Esta tristeza que trago em mim, que foste tu que ma ofereceste, e que eu faço gala em manter viva em mim, permanentemente, cegou-me de uma forma primitiva pois não me permito deixar ver o tempo a passar como se ele pudesse ficar paralisado no relógio e nos ponteiros da vida. Nesta vida que me deixo agora viver, aquela que me vive depois de me teres fugido por entre os braços, os amores, os suspiros e os beijos não tem quaisquer diferenças entre a vida acordada, a dormir ou em estar morta. Nada difere. Só tu poderias alterar esta letargia, se cá ainda estivesses.

3.10.2007

Sem comentários: