05 outubro 2007


Não sei se te olho com desprezo ou se te olho apenas com a raiva que me faz mover para a frente. Todas as vezes que me disseste amo-te, uma palavra sem qualquer sentido na tua boca, cheia de falsas esperanças e de construções de frágeis alicerces. A nossa estória de amor não foi mais que um grão de areia numa praia deserta. Nem as gaivotas foram dele testemunha. Nós os dois, eu, loucamente apaixonada, tu, enlouquecido de desejo pelos meus flancos com cheiro a África e a Índia. Sabes que foi ali que me entreguei toda a ti, nua sem quaisquer roupagens que me tapassem o coração e o corpo. Pela minha boca saíram-te as mais belas promessas de vida e de desejo, dei-te o prazer sugado do fundo do meu sexo sem pejo, nem meias medidas. Depois de te saciares, deixaste-me ali, só, naquela longa e imensa cama de areia, sob as estrelas que fizeram de dossel enquanto nos amámos e fingimos ser peixes voadores em águas quentes.


1.10.2007

2 comentários:

joão marinheiro disse...

As palavras, minha querida amiga. As palavras autenticas armas de arremesso em nós!
Beijo daqui com saudade tua.

algevo disse...

João, tantas vezes que a ausência tem falado mais alto que eu.
Mas as palavras mantêm-se em mim. Vivas.

Beijos