11 setembro 2006


“Todas as cartas de amor são ridículas”, dizia o Fernando Pessoa, o grande poeta.
Será que ele me adivinhou no mais íntimo do meu ridículo, eu, que não paro de te escrever cartas de amor sofrido todos os dias da minha vida?
Todas aquelas que partilho com o mundo e aquelas que partilhei com imensas folhas da vida, de cadernos e de sonhos em palavras meias ditas e caladas pela minha boca enquanto te olhava e virava a cara para o lado?
Existem montanhas no meu caminho que não foram feitas para subir, apenas para serem contempladas.
Tu és uma delas. Aquela que apenas devo mirar, medir e amar. Ao longe.
Em cada tentativa de escalada acabo estatelada no chão no mais doloroso exercício de recomeçar.
Do inicio.
Descobri que afinal as minhas cartas são mesmo ridículas. Mas ainda assim tenho necessidade de chorar em todos os papéis ou apenas em ouvir as teclas do computador a bater e assim poder sentir que estou mais perto de te ouvir um dia dizeres-me.
Amo-te.
Quão ridícula poderei ser mais?
Amo-te.
Ainda não ouvi.
Amo-te.

2.09.2006

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