23 julho 2007


O tempo passou. Eu sai da escuridão mas sem ti. Tu ficaste aí, com a mão quase esticada na minha direcção, como quem, quase, chama por mim. Agora que chegou o Verão, e que as flores já todas desabrocharam e floriram, eu voltei a viver, sempre sem ti, mas tu sabes bem que eu voltarei a morrer quando o Outono nos vier reclamar. Porque não sei estar aqui sem ti. E sei que os pecados que cometo todos os dias, na esperança da culpa ou simplesmente do castigo Divino me levar de novo e para sempre para esse lugar onde nos podemos encontrar e amar, sem receios de que a luz nos separe, da verdade, o dia a dia, a vida corriqueira e de todos os dias nos afaste mais do que estamos agora. A distância traz esta sensação de me sentir despida, mas apenas porque não sinto os teus braços à volta do meu corpo abandonado. E tu bem sabes o quanto não gosto de me procurar, fingindo que sou os teus dedos, imaginando apenas o teu sexo por entre a minha carne, e os teus beijos na minha boca. Mas é apenas assim que te tenho. Não de outra forma. Não de nenhuma outra forma. E sinto-me cada vez mais só. E sempre que o Outono chega, seguido de um quase longo Inverno, renova-se a esperança de que seja nesta estação que te vá encontrar – não apenas imaginar – e ficar ao teu lado para sempre, mas assim que a Primavera regressa, as flores recomeçam a nascer, a florir e eu sei, de novo, que a Vida me vai invadir, e que não resisto a voltar a sair da concha e espero que o sol não me queime, mas também espero que não me seque de tal forma que se me apaguem as tuas memórias. Pois já só assim te posso ter. Os teus beijos. Os teus braços. As tuas mãos vazias de tudo o que não era o nosso Amor. O teu corpo ali, a cheirar a mim e eu a cheirar a ti. Sem já sabermos onde começas tu e onde acabo eu. Neste próximo Inverno, quando eu tiritar de frio, chamando-te a atenção do meu regresso, por favor, abre os olhos e indica-me o teu lugar: amo-te. Amo-te.

23.07.2007

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