19 abril 2007

A fuga


Levo o tempo parada, à espera que o dia de amanhã seja melhor que o de hoje. Que ocorra uma milagrosa mudança nos dias e nas noites que me sucedem e me fazem permanecer, quieta, parada, imóvel à espera da mudança que me vai fazer feliz.


Mas hoje subitamente, e porque sempre soube, descobri que não vale a pena ficar aqui. Tenho que correr, correr pelo tempo que se me escoa por entre os dedos, correr pelo tempo que já perdi, pelo tempo que ainda vou perder e acima de tudo pelo tempo que ainda posso mudar e por aquele que ainda posso viver.


Os dias são uma fuga incontrolável da monotonia, que sabes que gosto de ter à minha volta, porque não gosto do que foge dos meus meus hábitos, e, as noites são, também, uma fuga - constante - para os teus braços que não estão nunca abertos, à minha espera.


As fugas fizeram de mim o que sou. As fugas de olhos fechados. As fugas paradas. As fugas de simples fuga.


Mas a cada dia estou mais perto, porque cada dia me vejo mais. Translúcida.


19.04.2007

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