15 julho 2007


O tempo passou e eu sempre soube que não eras homem para mim. Porque eras homem a mais e eu mulher a menos. Porque eu não cresci à mesma velocidade que tu, e porque tu ficaste estagnado na tua adolescência, preso por qualquer sonho ou ilusão, com a qual eu não posso competir. Nem quero. Já. Para te ser sincera. Já foi o tempo em que me deitava à frente do mar esperando que ele me levasse, que ele me tragasse e me fizesse dizer adeus à vida e ao mundo para todo o sempre pelas lágrimas que me causaste e me desfizeram o coração. Mas esse tempo naufragou. E parte de mim naufragou com ele. Não. Não deixei de ser sonhadora. Não deixei de acreditar, quase puramente, que um dia acabarei por encontrar um homem à medida dos meus sonhos, dos meus idílios, das minhas ilusões. E que acabarei por ser feliz nos braços de alguém que me dirá todos os dias do resto da minha vida o quanto me ama mal o sol nasce para nós, nos braços um do outro, ali, perdidos, e sem qualquer outro lugar seguro, que não aquele. Ainda não deixei de sonhar. Mas cresci, sabes bem o quanto tenho crescido nestes últimos meses. A troco das chapadas que a vida me tem dado. E ajudada pelas tuas, o crescimento não tem parado de acontecer, e, a olhos vistos fiz-me mais mulher e quase mais cínica do que se pretendia na realidade. A verdade é que já não espero de ti a verdade. Já não espero de ti a sinceridade de seres homem o suficiente para abarcares a verdade da tua vida, e, a dividires comigo, aquela que está à vista de todos e daquela que está apenas à vista do teu coração. Já não aguardo de ti que me abraces todas as noites e quando o fazes, esporadicamente, julgo que me vais pedir em troca uma noite de sexo, porque ainda sei ter os meus encantos e ainda tos vendo por uma boa dose de carinho, fingindo-me amada nos teus braços e perdida no teu sexo fingido. Mas o tempo passou e hoje, sei, sei-o perfeitamente, dentro de mim, por fora de mim, verdadeiramente sei que ambos não fomos feitos um para o outro. Forçamos o destino até à exaustão, mas ainda assim não resultou. Não sei se terei dito bem. Embora fale baixinho deixaste de me dar atenção. Descobri há poucos dias que quando falo baixinho me dás mais atenção. Mas hoje já devo ter falado demais. Mas não sei se terei dito correctamente. Não fomos “nós” que forçamos o destino. Fui eu. Foram os meus sonhos, foram todos os milímetros dos meus sonhos, do meu corpo. Mas hoje, desde há muito tempo, mas hoje mais que nunca, e dizendo-o em voz alta posso dizer-te que sei que não fomos feitos um para o outro. Sem lágrimas, sem gritos, sem dores lancinantes, porque já não tenho espaço para tais efeitos fora do genérico. Apenas sei.

11.07.2007

2 comentários:

joão marinheiro disse...

Posso dar-te um abraço. E dar-te a mão. E dizer que te admiro pela coragem. E dizer que te tenho no coração como amiga querida. e...

algevo disse...

E dizer-te que é importante saber-te que estás sempre aí, Amigo.

Nunca é suficiente, mas é importante.

Beijos daqui.

I.