04 maio 2007

Estou cansada, sabes? Mesmo cansada. Ainda não consegui resolver todos os meus fantasmas, arrumá-los numa caixa por ordem alfabética ou simplesmente emalados como a minha gaveta das meias, na mais perfeita loucura, mas que para mim está – simplesmente - perfeita.

Já não me lembro da tua cara. Quando fecho os olhos e tento recordar a tua cara e, ou o teu sorriso vêem-me à memória apenas imagens dispersas, mas acabo sempre por descobrir que são fotografias tuas que vi algures, não são imagens que guardo tuas de recordações vivas, de pequenos filmes que guardamos do passado, ou de filmes que antecipámos para o futuro. Não que faças ainda parte do futuro vivo. Mas ficaram coisas por resolver. Não ficou tudo esclarecido, pois não? Não foi suficientes a tua despedida de mim. A calma que me encheu de dormência ao longo destes meses tem-se vindo a transformar lentamente numa gigantesca fúria e incontável forma de não compreender o mundo à minha volta. Os porquês assomam-me, subitamente, à boca e não durmo, e não descanso, e não fecho os olhos, e não paro de pensar no motivo, no porquê, na forma de entender e de mudar as coisas.

Mas tenho de arranjar forma de fazer as pazes com o passado para poder viver sem culpas o futuro.

Ensinas-me o caminho?

4.05.2007


2 comentários:

joão marinheiro disse...

Se eu te disser que sinto como minhas as tuas palavras como mágoas/angustias, demasiadas perguntas sem resposta tu compreendes-me não é.
Abraço-te agora.

algevo disse...

João,

como sempre compreendo-te. Sempre.

Sempre.

Beijo daqui de onde o oceano se junta com o rio.

I.