05 setembro 2007



Acordei esta manhã. E tu não estavas. Nunca estás, ultimamente. Fiquei assim, cheia deste vazio, sem conseguir revelar o que sinto, o que penso sequer à sombra deste silêncio que me enche e me oprime. Oiço uma chave. Tenho a certeza que serás tu a abrir a porta que se abre para te trazer de volta para mim, para os meus braços, para os meus sentidos, para me inebriares de novo, e de novo encher-me a vida e a alma. Corri para a porta mas do lado de lá não está ninguém, abri e fechei-a inúmeras vezes, com a sensação de que talvez, brincando contigo, fingisses estar escondido atrás do vão de escadas seguinte. Mas não. Não estás. Já nem o teu cheiro me enche as narinas. Em sitio nenhum. Nem no quarto, e muito menos no resto da casa. Já nem quando abro o teu livro favorito se me toma de assalto, as narinas, preenchidas, subitamente pelo teu cheiro, ali abandonado, sem que eu soubesse sequer da tua, e da sua, presença. Alisei os lençóis que hão-de receber o meu corpo esta noite. Também os estiquei bem do teu lado, na esperança que esta noite o teu corpo volte a vincar o colchão e volte a enrugar o teu lado. Se não voltares a encher-me a cama da tua presença, aquela figura ambígua, que tanto está como já esteve, como hei-de sobreviver?

13.08.2007

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