19 setembro 2007


Sabes que sempre achei que a vida seria bem mais fácil. Sabes que sempre fui uma sonhadora, e, sempre tive a certeza que o amanhã me traria, sem dúvida, um ramo de rosas eternas, daquelas vermelhas, iguais ás que o meu avô tinha no quintal. E, todas as manhãs quando me levanto, olho-te e vejo o teu peito, ali, assim, tão perto da minha mão, e quando passo a mão sobre ti, sinto o teu ar exalado, expirado, que te mantêm vivo, mas ainda assim, embora tão perto, não ligado a mim. Já não me dás flores. Nunca mas deste. E hoje não sei como deixar de sonhar que amanhã será diferente. E não paro de ter a certeza de saber que os meus filhos serão homens diferentes, e saberão, com toda a certeza, amar uma mulher, por inteiro, por dentro e por fora, e não se assustarão com os seus silêncios, como tu fazes. E hoje não vou realmente parar de pensar que existirá um milagre e que amanhã será um dia melhor, e quem sabe, na verdade, por tanto acreditar isso poderá realmente acontecer, amanhã um vendedor de flores, estará, ali mesmo ao virar da esquina e levar-me-á ao teu caminho, ele oferecerá um ramo de rosas daquelas tão vermelhas e tão cheias da minha infância às minhas ilusões – e, eu não me canso de sonhar! -. E não vou parar de o fazer. Mesmo que isso me faça caminhar na direcção cada vez mais oposta da tua, porque achas que a queda que se segue sempre a um grande devaneio é demasiado grande. Mas eu sei que o sonho que antecede a queda vale a pena. Tu só – ainda – não o sabes.

15.09.2007

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