06 setembro 2007



Vou-te pedir pela última vez. Não me procures. Diz-me adeus de uma vez só. Não rasgues pedaço a pedaço a minha alma. Devolve-me de uma vez por todas todo o amor que me prometeste um dia ser apenas meu. Devolve-me de uma vez por todas, todas as lágrimas, todas as ternuras, todas as canções tocadas a dois pares de mãos, devolve-me o hálito fresco que me davas todas as noites, e fica de uma vez por todas com as lágrimas de raiva, de frustração, de dor, de saudade e de mágoa que me deste assim de bandeja sem olhares para trás. Ofereço-te, eu, os soluços que me sacodem todas as noites antes de dormir, e também aqueles com que acordo todas as manhãs ao dar pela tua falta, ainda. Entrego-te também a tristeza que me deixaste na almofada, ali assim, plantada, assim, tão abandonada e só, que julguei nem sequer ser para mim. Devolve-me o sorriso franco e aberto, a mão fácil e leve sempre estendida para todos, o olhar franco e aberto sempre dirigido ao céu. Devolve-mos todos e depois libertar-te-ei do jugo da minha sombra que te segue todos os dias até que possa ser eu de novo e me devolvas todas as promessas que quebraste, inteiras. Como asas de anjos esvoaçantes. Em vidro. Inteiras. E não quebradas.

13.08.2007

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