27 novembro 2006


Hoje acordei com a sensação enervante que me olhavas pela nuca, e que com esse teu olhar demasiado penetrante e demasiado céu brando em dia de gritos de gaivotas, e me conseguisses ver por dentro do coração, da alma, da mente e do sexo.
Sinto-me a escorrer, por dentro, como o suor a correr pela barriga, de dentro, das pernas, quando fazíamos amor fechados dentro do carro, um espaço demasiado exíguo, para tanto amor e demasiado exigente para tanta acrobacia necessária para atingir o clímax.

Subitamente fez-se luz. Não posso confiar naquele que não suporta estar sozinho na sua própria solidão.

Deixo-me estar. A necessidade premente do sexo palpitante, a sensação de perigo e a ginástica dura para todos os músculos dentro do carro, a falta que me fazes no frio da cama, nada disso já é tão importante como estar feliz na solidão, pois os céus pararam e o movimento do tempo suspendeu-se para mim, e, assim, sossegar sob o céu azul, sem gaivotas estridentes a chamarem por mim.

Aguardo o Amor. Já não te espero. A ti.

15.11.2006

2 comentários:

joão marinheiro disse...

E, ás vezes. O amor chega, Nós é que estamos para fora...Estes dias andei pela tua cidade, tambem não o encontrei...
Abraço

algevo disse...

Eu nunca estou fora para o amor. Julgo eu. Julgo, quero acreditar que sim, que tenho, sempre, as janelas e as portas abertas para ele. Mesmo que estejam, muitas vezes, encostadas para balanços profundos.

Mas por vezes ele chega e não o vemos chegar porque ainda não temos olhos para o ver.

Engraçado...eu não andei pela minha cidade por estes dias, mas sim pela serra do buçaco e ainda assim, pese embora a paisagem bucólica, e, por demais apelativa a sentimentos, também não o encontrei por lá. Nem no coaxar das rãs nem por baixo das pedras.

Mas aguardo ainda.

Abraço.