17 novembro 2006


Por vezes. Não sempre. Só por vezes. Seria tão mais fácil não ter um passado atrás para conseguir ultrapassar mais uma noite povoada de solidões. Quando tenho a certeza, quase absoluta, de que estou livre do teu fantasma, apareces-me tu vindo do nada e revolves-me as entranhas e devolves-me o ar viciado da tua presença. E fico outra vez sem saber respirar. E aí, tenho a certeza, que seria tão mais fácil não ter um passado para conseguir sobreviver a esta noite. A mais esta noite. E é tudo tão repentino que me sinto a perder as forças e os pulmões a esvaziarem. E sem ti. E sem a tua sombra apenas no canto do olhar, e que ao virar a cabeça para o outro lado me faz sentir mais só e mais vazia de ti. Só de ti. Só de ti. E tudo o que sempre foi teu fica aqui e agora abandonado. E sem ti. E eu? Penso que senão existisse um passado seria tão mais fácil sobreviver a mais esta noite.

11.11.2006

6 comentários:

AnaP disse...

Há passado, mas também há futuro (diz o roto ao nú...). Enquanto o presente tem os olhos no passado, o futuro fica de lado... E ultrapassaste essa noite e todas as que vieram. E ultrapassarás todas as que virão! Beijos!

algevo disse...

Linda anap:

O presente leva o tempo com os olhos no passado, porque nós só temos capacidade pr vermos os sonhos, muitas vezes destroçados lá, nesse tempo que já passou.
Mas, quando temos a capacidade de olhar em frente, e reaprendemos a viver de cabeça erguida, descobrimos que nos esperam, pelo menos sonhos, muito mais formosos do que aqueles que encerrámos (tantas vezes por viver em plenitude) lá no passado.

É uma questão de olhar. E de posição. E de tempo verbal.
E viver melhor.

Beijos.

I.

AnaP disse...

Porque será que levamos tempo de olhos postos no que tivémos e não conseguimos olhar para o que podemos vir a ter? Penso que por vezes perdemos a fé e olhamos para aquele tempo em que nos atrevemos a sonhar um pouco.
Beijinhos!

algevo disse...

Anap:
Julgo que levamos o tempo com os olhos postos no passado porque dá menos trabalho a descobrir e a recomeçar tudo de novo. Mas a fé, acredito eu, e muito, está quase sempre dentro de nós. Mesmo que perdida.

E ainda acredito que o sonho é o que move a vida...

Beijos linda.

I.

joão marinheiro disse...

Ola, neste dia de inverno adiantado, gostei, gosto das tuas palavras por aqui, gosto do nome, claro q as fadas não usam baton, para quê isso se são fadas...E por vezes, como dizes seria tão mais facil se não existisse passado, um sentir que fica, que aparece e que se esconde, voltando na noite, junto com o silêncio, sei o que é isso por experiência própria...
Abraço enquanto tento salvar barcos e memórias...
Obrigado pelas palavras no memórias...e postei a mesma foto...

algevo disse...

João,
Obrigada, sou uma tua leitora atenta, do memórias, sei lá desde quando, mas nunca me atrevi a comentar... hoje foi instintivo.
Engraçado, pq n te conhecia o outro espaço e a coincidência de termos postado a mesma imagem...

Salva barcos, e memórias, e partilha-as. É sempre bom.

I.