26 novembro 2006


Às vezes acho que escrevo pelo simples motivo de que dessa forma prolongo o êxtase. O do sofrimento e o do prazer. Como que um orgasmo arrastado, aumentado e diminuído conforme a cadência e a tonalidade da tinta. E é por isso que me revejo, já calma, a sorver um chá fumegante, que emite sinais da vida que te sobreviveu e me restou, sinal mais que evidente, que embora creia – crer – que depois de ti não aguardo quase nada, mas sempre aguardo alguma coisa. De ti? Do mundo, sem dúvida. Tu és também mundo? Tantas perguntas sem resposta. Tantos carinhos sem retorno. Nunca prometeste o que eu queria. E o que eu não te queria dar, perdi-o. Houve um momento para fechar o corpo ao sofrimento. Agora, enquanto trilho um caminho que me leva deste beco para fora, renovada, para me reencontrar por aí, sentada, num qualquer muro baixinho – pois sempre tive tonturas – sorridente, à minha espera, reconstruída, aguardando o meu renascimento.

15.11.2006

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