16 novembro 2006


Hoje percebi finalmente que o teu cheiro já não me persegue. Hoje atendi ao meu coração e percebi que ele começa a ficar vazio de ti. Senti-te a falta. A falta de me encheres os dias e as noites do teu vazio. Mas começo a respirar sozinha, sem a tua assistência permanente. E sobrevivi. Mais ferida, menos viva. Mais magoada. Menos sonhadora. Mas sempre a acreditar. Por vezes nem sei bem no quê. Mas a acreditar. Tenho motivos para crer. E tu não foste o único. Embora te acreditasse como tal durante muito tempo. Agora que me redescubro, e vazia de ti, novamente, revejo-me na minha plenitude. E sei que as marcas ficarão, não perenes. Mas também sei que elas traçam caminhos na minha alma que me ensinarão a chegar mais além.

Hoje já não te senti o cheiro. Sabes o quanto cheiro me indicava o caminho até ti. Hoje já não te senti o cheiro.

8.11.2006

4 comentários:

AnaP disse...

Começa sempre por algo tão simples... mas ainda bem que, apesar de tudo, acreditas sempre. Um beijo grande!

algevo disse...

Linda anap:

Já me têm dito que sou uma das pessoas mais tristes do planeta, ao ler-me por aqui. Aliás, já me ligaram, por pensar que estava numa depressão tão grande, tão grande, que me iria suicidar daí a pouco...
Mas não se iludam os que me lêm aqui, assim, tão pequena e frágil. Tão amarga e magoada. Sou uma pessoa alegre, quase sempre, cheia de vida, quase sempre. Acima de tudo, acredito quase sempre. E mais importante de tudo: não perdi nunca a capacidade de sonhar.

Aqui apreveito para dar vazão a um lado mais frágil, que tenho, ou gostaria de ter. E acima de tudo o que escrevo nem sempre é completamente sentido no momento, é sempre, quase ... sempre, despoletado por alguma coisa, uma sensação, uma palavra, uma música, uma lembrança, seja lá o que for, e que depois me leva na divagação. E onde revivo sentimentos, recordações, as mágoas grandes e pequenas que já tive e que tenho.

Como digo habitualmente, não sou assim tão doce nem assim tão linda... mas faz parte de mim.

Beijo linda.

PS - E obrigada por entenderes tão bem.

I.

AnaP disse...

I., as pessoas que nos lêem caem muitas vezes no erro - ou na armadilha, não sei bem - de pensar que somos estas pessoas tristes e amarguradas, sem capacidade de rir, de fazer maroteiras, de dizer uma piada, de olhar a vida pelo seu lado menos sério. Por vezes penso que nos levam mais a sério do que nós mesmas nos levamos. O que escrevemos é uma parte de nós - a que conseguimos, talvez, exprimir melhor - mas não é o nosso todo. Adoro ler-te porque me identifico com o que escreves e portanto sei, à partida, que há um outro lado teu - o resto de ti.

Beijinhos!

algevo disse...

anap: sempre duvidei um bocadinho destas coisas, muito internéticas..., em que se criam laços e abraços, tão invisiveis quanto fortes, mas por experiência própria, começo a perceber que por vezes as pessoas têm almas gémeas, e pelas palavras, tal como com outros, pelo olhar, percebem-se e identificam-se totalmente. Aconteceu-me contigo e com mais algumas pessoas a quem não deixo de visitar diariamente para ler de uma forma ávida, pois sei que existe uma ligação, que, eventualmente serei eu apenas a sentir, mas que sentem como eu.
Claro que estas almas gémeas não tem cara, nem olhar, nem abraços sentidos, mas sinto aquelas palavras tanto, tanto, como se fosse mesmo um colo onde me repouso.

E sei que percebeste.

Beijo.

I.

:)))