11 novembro 2006


Meu querido e doce amor, vamos fazer de conta que sempre foi assim, que esta carta te foi escrita há tantos anos atrás, que já não te recordas de quando a recebeste. Gostaria de não ter discutido tanto, que o fim não estivesse marcado de um simples estigma de raiva e dor, como acabou o nosso amor. Gostaria sim, que as costas viradas tivessem sido permanentes, até ambos termos desistido um do outro. Apenas isso. E assim, temos de admitir, eu não teria tido receio de ainda te vir a encontrar em mim…
Meu querido e doce amor, deveríamos ambos ter percebido que pereceríamos ao chegar aquele árido sítio onde enterrámos quaisquer bons sentimentos que ainda nutríamos um pelo o outro. Depois de toda a guerra aberta na guerrilha encapotada, não reparamos que chegamos a uma parte, a um local, que é nenhum lugar, e que era lá que queríamos estar. Já lá estávamos. Mas não tínhamos a capacidade de o ver. E compreender.
Depois disso, meu querido e doce amor, teria sido apenas suficientemente bom que me tivesses ficado gravado em memórias de chá preto adoçado com mel e mexido com um pau de canela… saboroso… de tal forma que depois de ter terminado de o sorver o sabor e o cheiro permanece entranhado, na pele e nas narinas. E assim, meu querido e doce amor, terias ficado parado para sempre no tempo das minhas lembranças perfeitamente felizes. Apenas escrito por dentro de mim, em todos os momentos felizes. Apenas esses, meu querido e doce amor.

18.10.2006

1 comentário:

algevo disse...

Tive tantas, tantas saudades vossas...

I.