19 janeiro 2007


As tuas ausências chamam-se apenas prolongamentos dos nossos silêncios. Isto é demais para uma pessoa. O futuro está longe de mais de mim agora e aqui. O tempo esqueceu-se de mim e perdeu-se de mim. E os meus gritos não chegam ao pensamento que não pára e o choro não te é audível. Sabes tudo de mim. Os medos, os insucessos, os pavores, os terrores, as alegrias, os eufemismos e as vaidades. E ainda assim não te chego a ti. Perdi-me entre o inicio e o teu meio, nunca tendo chegado ao teu fim nem uma vez. Apagaste a música, fizeste delete no disco rígido da tua memória e não quebras nunca o teu silêncio. Não cheguei ao teu principio. Nunca me falaste realmente de ti. Nem nunca estiveste mesmo ligado a mim. Nem uma vez. E agora aqui sentada na escuridão oiço apenas o sussurrar da noite aguardando ainda que ela me traga uma réstia de ti. Mas apenas o silêncio se derrama em mim. E oiço o bater do meu coração como se estivesse debaixo de água com o brilhar das estrelas sobre a minha pessoa. O medo apodera-se do meu corpo, mas a mente já não está aqui. Está longe neste céu que me traz a estrela polar lá ao longe a indicar-me o caminho que deveria ter seguido, sem tomar atalhos para chegar a ti. Não chego. Não cheguei. Não chegarei. Ainda não esta noite. Ainda não esta vida.

10.01.2007

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