17 janeiro 2007


A solidão não me vai doer só a mim, sabes. O teu pensamento vai acabar por fazer uma marcha atrás em velocidade acelerada por puro arrependimento. Mas aí as saudades, embora te magoem mais que tudo, quando chegares e vires as paredes da tua casa cheias de solidão, o sofá antes partilhado, agora solitário e abandonado, frio, sem presenças humanas reais e não sonhadas. Aí, o teu coração vai recordar-se do meu tom, do meu cheiro e da minha voz num tom mais suave do que ele é na realidade, sabes. Porque a solidão quase te enlouquece e é apenas por ela que não me soltas completamente. E continuas à espera com um pé em cada barco, mesmo correndo o risco de acabares afogado num mar revolto sem que ninguém olhe para trás sequer na tua direcção num gesto de salvamento.

Mas esta é a solidão que tu próprio construíste à tua volta e que acabará por se edificar totalmente à tua volta. E assim terás aquilo que tu próprio escolheste e colherás as tuas plantações de ódios amestrados que tanto soubeste manter vivos no teu coração.

5.01.2007

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