18 janeiro 2007


Aqui estamos. Num ponto sem retorno, sem marcha atrás e sem quebras e sem fins, só com replays contínuos e recomeços desgastados. Nenhum de nós voltou igual lá de onde chegámos agora. Nenhum de nós regressa intacto daqui para a frente nesta jornada que chega agora ao fim. Se nesta altura medonha da vida não estás comigo, quando estarás? Pergunto eu. Estou sempre lá, tu é que não me vês. Afirmas tu. Nenhum de nós está disposto a ceder. Apenas a magoar. Ou a deixar continuar magoado. E sabes, a esta altura sei de cor e salteado que não vale a pena. A vida é tão curta e tão pequena e passa tão depressa que se não me amares de outra forma e me fizeres sentir especial pelo menos uma vez por mês não vale a pena esperar por mudanças que não chegam nunca. Nenhum de nós se dá sequer ao trabalho em fingir os gestos que fazíamos dantes quando ainda nos amávamos por completo, ou apenas por metade. Nenhum de nós está disposto a ceder, e muito menos a deixar o outro ser feliz na medida do possível. Já não nos damos sequer ao trabalho de fingir sermos felizes. Nem sequer rimos com um riso cheio quando temos pessoas à nossa volta na ânsia de fazer de conta que ainda resta algo. Entrego-te as mentiras que me ofereceste todos os dias do resto da minha vida.

10.01.2007

4 comentários:

João Carlos Carranca disse...

"Nenhum de nós voltou igual lá de onde chegámos agora"

Há dias em que são precisos umas certas arrumações, um limpar de pó, de modo que até no exterior a gente veja a limpeza do lá de dentro.

algevo disse...

Jota, meu querido e lindo jota, ando um bocado cansada de limpezas e de arrumações... mas continuo a tentar na esperança de que se veja por fora e de que eu me sinta realmente arrumada por dentro.

Chegará o dia. chega sempre.

I.

joão marinheiro disse...

Minha querida deixo-te só um abraço a esta hora tardia...

algevo disse...

joão, obrigada pelo abraço.

Beijo daqui de onde o rio se mistura com o oceano.

I.