11 agosto 2007


Durante muito tempo julguei, sinceramente, que não te conseguiria esquecer, que tu ias viver para sempre na minha vida, agarrado à minha pele, com o teu cheiro na minha cama, em todos os lençóis, colado à minha retina, como se fizesses parte da minha visão, sempre lá, em todas as paisagens, julguei que iria sentir para sempre o teu corpo, o calor a emanar do teu lugar vazio ao meu lado. Mas acima de tudo, e mais importante que tudo, julguei desde sempre, que ninguém me saberia tocar como tu. Jamais alguém teria o condão de me fazer o corpo tremer e a vida saber-me a mel na hora do sexo. Sabia que mais ninguém me poria todos os sentidos alerta como tu fizeste em tempos. Mas descobri, com o passar dos anos, dos meses, das semanas, dos dias, das horas, dos minutos e de todos os segundos que nos separam que afinal tudo isto não passa de lembranças. Essas, as lembranças, são por vezes ténues, e nesses momentos julgo-me quase solta, livre do jugo de te amar, mas noutras alturas sou invadida pela tua presença, etérea, que me controla os sonhos, os movimentos, as ilusões e até os devaneios. E sei que ainda não te esqueci. Mas descobri também, com o passar do tempo, que jamais te irei esquecer. Um grande amor deixa sempre marcas. E elas não passam com o tempo. Mesmo que sejam séculos a passar. Mas como não o soubemos viver ele danificou-se. E agora? Agora cada um de nós vive à sua maneira. Eu com as minhas sombras, tu não sei. Mas descobri que um dia o sorriso volta a aflorar à minha boca e os meus lábios algum dia acabarão por sentir o calor de outros, mesmo que não sejam os teus. Porque a vida não pára. A vida nunca parou.

7.08.2007

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