03 agosto 2007



O que deixámos para trás fica lá? Não. Carregamos quase sempre os sonhos, as ilusões, as nossas e as dos outros, as que terminaram, as que se concretizaram e mais ainda as que não tivemos completas por entre as mãos. As mentiras começam onde termina a tua boca, aliás antes dela. A canção do bandido que cantaste para mim tantas vezes é a mesma que cantaste para tantas outras. A música fica a tocar no gira-discos, mas as rotações já estão lentas. E eu começo a perceber que o que queremos não poderá nunca ser o mesmo. Ficámos em mundos diferentes. E chegamos à encruzilhada da vida. E agora perdemo-nos um do outro. É altura de dizer adeus. Estive sempre ao teu lado. Concretizei todos os teus sonhos, os que pude, os que amei e até aqueles com que não concordei. No fim, fiquei aqui, assim, tão pequenina, tão só e com as mãos cheias de ilusões desfeitas e de tão adiadas, desfeitas pelo passar do tempo. Os nossos corpos começam a separar-se. Já sei onde começas tu e onde termino eu. Cada vez se torna mais fácil a separação entre nós. A física – sabes porquê? A outra já ocorreu. Há muito tempo. E fiquei aqui, assim, tão só, sempre à espera que alguma coisa mudasse. Mas as coisas não mudam. E eu continuo à espera. Já não de ti. Apenas do vento que me desvie e me leve para outro lugar.

3.08.2007

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