04 agosto 2007


Eu sei que a vida é feita também de dúvidas, e, sem qualquer dúvida, o que hoje é certo, amanhã poderá não estar já garantido. Hoje estás a meu lado, ontem amaste-me, amanhã poderei já nem ser uma lembrança. Não sei, não percebo, não entendo porque me dizes sempre adeus, se sabes que acabarás por voltar. Apenas pelas saudades do que tivemos ontem, apenas porque não descobriste outro caminho para a tua vida, apenas porque estás feito à minha carne, à forma do meu corpo e ao feitio da minha boca e do meu sexo. Já te guardei no fundo de uma caixa amarela que brilha no escuro. Sabes que nunca gostei de amarelo. A não ser que seja o sol. Mas também sabes que prefiro a chuva ao sol. E dizes-me Adeus outra vez. Mas ambos sabemos que voltarás amanhã. Nenhum de nós sabe por quanto tempo esta dança de cegos se irá prolongar, mas ambos sabemos que não terminará amanhã. E regressas depois, amanhã novamente, sabendo de antemão que me dirás de novo Adeus. E de novo eu ficarei na quase dúvida se regressas de novo ao meu sexo e aos meus braços, aos beijos fingidos e ao passado fechado na caixa amarela longe do nosso alcance. Se já nos perdemos porque insistimos em nos despenharmos todos os dias?


3.08.2007

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