03 agosto 2007


Tenho saudades. Saudades de tudo. Saudades do tempo em que a vida me corria por entre os dedos e se me soprava em sopros de vida pela boca, saindo-me por entre os lábios, de mansinho, assinalando-me o caminho a seguir, perseguindo-te numa tentativa, enfática, de te ter, realmente, um dia. Hoje perdi. Deixei o verbo amar de parte, e perdi-lhe as conjugações e os tempos. Já te perdi no Futuro, o Presente já está desfeito e o Passado apagou-se-me de repente. Quem sou? Onde estou? Porque estou aqui? Para onde vou? Tudo isso se me deixou de afigurar importante depois de te ter perdido. Adeus. O mar levou-te. O mar levou-te embrulhado nas marés, cheias de solidão, nas águas quase sempre revoltas, aparentando a calma que não tivemos, a areia sob os teus pés enterra as palavras que um dia te disse. Todas elas esquecidas, por nós. Apenas uma leve, muito leve lembrança me faz olhar para trás e pensar no verbo amar que já não sei conjugar.

3.08.2007

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