06 agosto 2007


Estou vazia de palavras. Errado. Não estou vazia delas. Estou vazia de frases com sentido, porque palavras saltam-me da boca para fora, apenas não fazem qualquer sentido. Tento juntá-las, mas qualquer construção frásica é absurda, saindo-me da boca em direcção aos teus ouvidos. E não me entendes, e não me percebes. E o tempo vai passando e vou esquecendo as normas mais básicas das frases mais simples, resumindo-me quase apenas aos monossílabos, hoje em dia. E mesmo assim, com simples palavras – será que o são? – ainda assim, não chegamos a um entendimento básico. Não sei se te quero mais ao meu lado. Está calor. Não consinto o calor do teu corpo sobre o meu. Não quero o teu amor fingido que suspira e balbucia baixo, por entre os sonhos e as ilusões que a noite traz para nós, o nome de outros amores e de outros projectos que não foram os nossos. E no cemitério que temos debaixo da cama, naquele onde enterramos os sonhos das nossas vidas em comum, aí jaz para sempre, abandonado, o quase sonho de ser feliz ao teu lado.

3.08.2007

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