11 agosto 2007


Hoje tenho saudades do teu corpo. Tenho saudades da tua presença na cama, naquela que dividimos ao longo dos anos em que partilhámos uma vida a dois. Fecho os olhos e vejo, nitidamente a cova no teu queixo, a tua barba ao fim do dia, já a despontar, reclamando a tua pele apenas para si. Se me enrolar à almofada, que um dia teve o teu cheiro, ainda consigo sentir, quase, o teu corpo. Direito, seco, pesado, adormecido. E se, ainda enrolada, fechar os olhos com força suficiente consigo ouvir os teus gemidos no auge da paixão que por vezes invadia a nossa cama. Aquela que dividimos nos últimos anos da nossa vida em comum. Agora o que temos entre nós é um rio, a falta de palavras que o silêncio preenche. Aquele silêncio cheio de peso que nos enche a boca, os pensamentos e a vida. Hoje vou fechar o silêncio dentro da gaveta da banca de cabeceira, e fazer de conta que ela deixa de existir, e vou-me deitar na nossa cama, fechar os olhos com força e enrolar-me na almofada que um dia foi tua. Hoje volto a fazer amor contigo. Hoje.

11.08.2007

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