14 julho 2006

Esta noite acordei sozinha.
O teu lugar na cama estava vazio.
O teu lugar à mesa estava vago.
A tua escova de dentes não estava já na casa de banho.
E a tampa da sanita permanecia sentada…
Corri casa a casa na esperança, vã, de tropeçar em ti, escondido em qualquer gaveta ou armário… quem sabe pendurado atrás da porta, qual velho robe, feito segunda pele, à minha espera para me abraçar o corpo magoado e a alma sentida, tudo apenas cansado.
Por fim, abri as janelas, e aguardei, sentada no centro da casa, não fosses tu entrar por uma abertura e o vento, ou a brisa, soprar-te por outra… e eu não dar por ti.
Pelo teu regresso.
Acordei num tapete enrodilhado em mim… mas não eras tu.
Eras apenas as tuas recordações.
Já nem o teu cheiro me persegue nas manhãs assombradas pela tua sombra.
Já os teus passos não me seguem pela casa durante a noite.
Já nem o som da tua voz me povoa as noites, repletas de ti a encher-me a cama e o corpo, e sempre, sempre, a esvaziar-me a alma.

14.07.2006

2 comentários:

Anónimo disse...

Nunca tiveste a sensação de depois "daquilo" já nada valerá mais a pena? Depois daquilo na tua vida, já nada mais vale o esforço de continuar em frente?

algevo disse...

Talvez todos já tenhamos passado por essa sensação... mas todos, ou quase todos, nos reerguemos e achamos um motivo para continuar... mais à frente na vida, no amor, na amizade. Mesmo que agora, aqui, se ache que não vale simplesmente a pena.