28 julho 2006



Hoje é daquelas noites em que me sei desinfeliz, sem saber muito bem a que sabe a nossa amargura, a que sabe a nossa tristeza e porque ainda sofremos, ambos, realmente com ela.
Já a possuímos vai para tanto tempo que perdi o rumo de a descobrir, já lhe perdi o rasto de lhe saber as razões, os motivos, as justificações.
Mas alimento-a. Mas mantenho-a.
Viva, sempre viva, dando-lhe mais motivos para ela me sofrer, para ela se erguer cada vez maior e mais desinfeliz na minha vida, cada vez mais possante, cada vez mais presente.
Sabes todos os quilos a mais que digo que ganhei depois de ter deixado de fumar todos os cigarros que me poderiam um dia levar para o caixão? Todos os quilos não foram ganhos pelos cigarros que deixei de fumar, não foram ganhos pelas guloseimas que usei para substituir os cigarros (e a ti...) foram todos ganhos, apenas alimentados pela minha tristeza, pela minha angústia, pela minha desinfelicidade, e principalmente pela minha inércia em fazer algo que te exclua permanentemente da minha vida. Acabando de vez com a amargura.
Com a nossa amargura.
Mas já me habituei tanto a ela, que já não lhe viro as costas, como se ela fosse também uma filha minha. A filha que nunca tivemos.
E mantenho-a, quente e conformada, feliz e poderosa. Acima de tudo… deixo-a governar.
Porque é o que nos une. Não é?

20.07.2006

4 comentários:

Anónimo disse...

Quebra os laços.
Vive a vida.
Sê feliz.
Os filhos são de carne e osso, e dão-nos amor e alegrias. Não apenas tristezas.

algevo disse...

É verdade, os filhos são isso, mas também muito mais que isso. Os filhos são tudo. e para lá de tudo também. E algumas pessoas sabem do que estou a falar.
Mas existem estados de almas a que já estamos apenas tão habituados, que quando se alteram... enfim... sinto-lhes a falta. Já não sei viver sem eles.
Será que alguém sabe ser completamente feliz na vida?

Anónimo disse...

A felicidade somos nós que a fazemos. Apenas isso.

algevo disse...

A felicidade não somos apenas nós que a fazemos. Ex.: Quando se ama alguém, mas amor esse não é correspondido na mesma medida... és feliz, quando e como quiseres? Óbvio que não... tens de esperar que a tua dor passe, decresça, ou desapareça ou outro amor ocupe esse lugar.
Quando sentes falta de alguém, ou de algo que não tens presente na tua vida? És tu que fazes a tua felicidade? Tenho dúvidas... Dependemos sempre de terceiros...