28 julho 2006


Para meu coração basta o teu peito
para que sejas livre as minhas asas.
De minha boca chegará até o céu
o que dormido estava em tua alma.

Tu trazes a ilusão de cada dia.
Chegas como o orvalho nas corolas.
Com a tua ausência escavas o horizonte.
Eternamente em fuga, irmã das ondas.

Já disse que o teu canto era do vento
como cantam os mastros e os pinheiros.
És como eles alta e taciturna.
E entristeces de pronto, como uma viagem.

Acolhedora como antiga senda.
Abrigas ecos e vozes nostálgicas.
Desperto e alguma vez emigram, fogem
pássaros dormidos em tua alma.

In "Vinte poemas de amor e uma canção desesperada" de Pablo Neruda

2 comentários:

Anónimo disse...

Pablo Neruda...
Existem coisas que são realmente intemporais. E os poemas deste fantastico poeta são uma delas.

algevo disse...

É verdade, Neruda e tantos outros que mais parecem viver eternamente.