24 julho 2006


Pleno dia. Dia cheio. Luz. Muita luz. Céu. Imenso céu azul.
Ainda te lembras quando chegavas cheio de urgência minha? E que logo ali, no chão, atrás da porta, ainda mal fechada, sacavas daquilo que te faz homem com a necessidade de me fazeres mulher?
E apenas com a simplicidade de quem quer receber, mas não apenas dar, arrastava-mo-nos mutuamente até qualquer sítio que servisse os nossos intentos.
Mesmo que fosse a 2 passos daquela porta, daquela entrada. Porque ambos tinhamos a sensação que ali, mesmo atrás da porta, ouviriam a nudez de cada um de nós.
Fugias na cama desfeita procurando na minha boca o beijo que a tua boca me recusava. Negavas-me com as tuas mãos porque não querias partilhar o teu corpo, prendendo as minhas com as tuas.
Mas com a ansiedade do sexo pendente, do amor entumescido, convencias-me, convencendo-me que a tua boca era quase minha, que as tuas mãos eram só minhas, dando-me o teu corpo.
E eu julgava-te quase meu.
A minha boca contava-te segredos pelo desejo que querias demorar em mim.
Mas tu levantavas-te e voltavas a cair na minha boca apenas para não me dares a tua. Mas também para abafares o gemido contundente e calares-me a língua.
Abraçavas-me o corpo erecto de olhos fechados.
Partilhavas-me com o teu prazer necessitado.
E por isso parecia-me que os teus beijos eram mais meus do que na realidade o eram. E que as tuas carícias eram mais profundas do que os meus olhos viam, na realidade.
Até ao nosso êxtase. Total.
E depois... deixavas-me ficar nos teus braços como se fossemos a melhor coisa da, e na vida um do outro.
Porque a necessidade de amar era urgente e voltaria em breve.

15.07.2006

4 comentários:

Anónimo disse...

Fico com a ideia que achas mesmo que o sexo e o amor não andam de mãos dadas.

algevo disse...

Podem andar... mas não são muitas.
O amor e o sexo, quase sempre vivem em compartimentos diferentes... agora a paixão e o sexo andam muitas vezes de mão dada.
Mas como em tudo, existe a excepção à regra, e por vezes vivem os dois na mesma "casa"...

Anónimo disse...

Uma mulher mal amada.
Com certeza.

algevo disse...

Amada por vezes, desamada noutras, mal amada até por algumas vezes. Mas sempre mulher. Com identidade assumida.