02 outubro 2006


Hoje saíste. Saíste como sempre sais.
Sais porque não suportas mais estarmos um ao lado do outro.
Cada vez foste suportando menos e agora, não suportas apenas nada.
Apenas.
Vomito-te palavras que te magoam propositadamente, para que saias mais depressa.
E fico aqui desamparada, numa depressão cada vez mais profunda cada vez mais negra, temerosa do que vai ser amanhã a minha vida quando me levantar.
A minha independência está cada vez mais longe.
E tu que estás cada vez mais separado de mim.
Apenas as aparências e aquilo que não queremos dividir nos mantêm juntos na mesma habitação. Mas a cama tem uma divisória ao meio.
E quando nos aliviamos de uma tensão sexual, que não traz prazer nem sossego a nenhum de nós… não nos tocamos e sentimos que estamos a invadir o espaço de cada um, do outro.
Estás aqui, na mesma casa que eu.
Mas a casa tornou-se pequena para os nossos sentimentos antagónicos, um ao outro.
E, quando partilhamos o mesmo sofá, a mesa às refeições apenas não suportamos o olhar um do outro, o som das nossas palavras.
Já não nos suportamos.
Por isso ambos optámos por sair. Abandonámo-nos.
Mas continuamos aqui.
A magoar até nada restar um do outro.
Até onde conseguiremos arrastar isto?

10.09.2006

Sem comentários: