27 outubro 2006


Olho para a água nas noites de luar da lua muito cheia. E ela, feita de um luar de prata, diz-me que algures lá do outro lado, também a olhas da tua janela, e pensas em mim.
Pelo menos é assim que tento imaginar naquelas noites de pura insónia em que me deito aos pés da cama e me fico a observar a lua pela janela escancarada como nos dias em que aguardava o som do teu carro a parar à porta e o som da tua chave a entrar na porta.
E eu fingia que dormia para te receber na nossa cama.
E em que nos aninhávamos nos corpos um do outro e nos recebíamos em rios de lava e de prazer.
Mas hoje é apenas o luar de prata que alumia aquele pedaço de rio que vejo deitada nos pés da minha cama. E aguardo qualquer som, de qualquer carro, para fingir que são as tuas chaves e que ainda sonho com o teu regresso.
E a lua sobe, sobe e deixa-me, também, ela…

Devagarinho… tudo passa.

21.09.2006

Sem comentários: