23 outubro 2006


O tempo passa mais devagar todos os dias, porque quase sempre vem o teu cheiro que repentinamente invade o meu ser e o meu ambiente. E eu fico ali, assim, apenas parada a respirar-te, como se tu fosses regressar e deixar-me entrar para sempre na tua pele.
Mas a porta nunca abriu. Nuca abre. E tu nunca voltas.
E o tempo não passa, e esta dor não para.
E pior. Eu não fico mais calma. Não fico mais mansa. Não fico. Ainda me custa a respirar quando te sinto o cheiro. Ainda me tremem as pernas quando te imagino ali ao meu lado. Ainda estremeço quando te adivinho o contorno na cama.
E por tudo isso não te esqueço.
È uma palavra solta. É uma vaga miragem. É o adivinhar do teu riso. É o imaginar o som das tuas palavras.
E continuo a lamber-te as feridas como um cão abandonado na vã esperança de que um dia dês pela minha presença, pequena e mesquinha, aos teus pés.
Mas esse dia não chega. E eu cada vez estou mais cão, e mais mesquinha.

21.09.2006

2 comentários:

Nani disse...

Antes demais obrigada pela visita, não estou a agradecer por me teres visitado, mas antes por me teres dado a oportunidade de conhecer o teu blog e ler os teus sentimentos que tão bem exorcizas através das palavras.

"You say that now, but after a time you would forget. First you would forget his chin, and his nose and after a while you would struggle to remember the exact colour of his eyes and one day you wake up and he's gone. His voice, his smell, his face. He will have left you and then you can begin again."

Do filme French Kiss.

Que mais se pode dizer em relação a este pequeno texto que acima te deixo, para além de: acredita que tudo passa.

algevo disse...

Obrigado Nani.
É verdade, tudo, quase tudo passa nesta vida. E quaisquer estados de espiritos que me atormentem pela negativa irão passar, sem dúvida, porque sou demasiado positiva (embora não aparente aqui) e não suporto não sorrir.

Um dia sei que vou acordar e que já nada estará na memória, e acima de tudo, que o vazio estará preenchido por tudo o que ainda tenho por descobrir.


E o obrigado é meu. Aliás é nosso, nesse caso, porque também gosto de visitar o teu espaço e de partilhar as tuas emoções.

I.