26 outubro 2006


Tantas loucuras depois, tantas noites em branco nos teus braços, depois de tantas horas a fazer amor, descobrindo o teu corpo e descobrindo todos os teus sabores, descobri que afinal não passei de um pedacinho da tua vida. De um pedacinho do teu céu.
Não fui quase nada. Não passo de uma ténue, muito ténue mesmo, lembrança. Quando acordas de manhã não me sentes o cheiro. Não me farejas como se eu tivesse passado pela tua cama. Não sentes os lençóis ainda quentes do calor emanado do meu corpo. E não me recordas. Não me recordas ao fim do dia. Não me recordas quando olhas o mar. Não me recordas quando enterras os pés na areia. Não me recordas quando te deitas à noite e o sono se aproxima de manso e te arranca os últimos pensamentos lúcidos.

13.10.2006

10 comentários:

Karlytus disse...

Como diria um amigo meu: " A vida só pode ser compreendida olhando para trás, mas só pode ser vivida olhando em frente.." - Soren Kierkegaard

Baci grande per te..

Luís disse...

Lindo. De uma tristeza tão perfeita. Tão lúcida. Como soubeste descrever a pequenez que sentimos ao ver que somos indiferentes a alguém importante para nós!

Parabéns

algevo disse...

karlytus: A vida é realmente compreendida olhando para trás. Só assim temos consciência de todos os actos que tivemos ou que tiveram connosco... Mas não podemos viver a vida olhando para trás... certo? Obrigada pela visita...

Beijo.

I.

algevo disse...

Obrigada Luís.

Para mim é importante dizer obrigado.

Os primeiros textos deste blog foram escritos quando eu tinha 16, 17, 18 anos..., mas agora aos 32, depois de um interregno, achei que muitos não me compreenderiam, principalmente porque ainda me sinto demasiado "adolescente", demasiadas vezes.

Mas entendeste.

E obrigado.

Beijo.

I.

João Carlos Carranca disse...

O atrás é o alicerce da minha existência.
Gostei deste texto. Pronto, vou fazer mesmo mais o quê do que lhe dizer isto? Gostei

A. Pinto Correia disse...

Essa ausente/presença ou essa presnça ausente dói sim..
Beijo

Nani disse...

tenho uma relação de amor/ódio com a tua escrita.
admiro a tua escrita, admiro os teus sentimentos.
mas se há algo que me incomoda (e quando digo "incomoda" estou a ser muito subtil) nesta vida é a injustiça - e este é um sentimento que me assalta quando leio os teus textos.
eu sei que a vida é mesmo assim, mas chateia-me e pronto.

algevo disse...

jotacê: atrás é sempre o alicerce do que somos..
Mas agora será o alicerce do que seremos.

Mas não seriamos agora sem esses alicerces.

Obrigado.

I.

algevo disse...

Unicus: dói sempre. Ausente, presente, ausente mas presente, ou presente mas ausente... mas é assim mesmo que se cresce. E vivemos a crescer.

Eu vivo.

I.

algevo disse...

Linda, linda e linda nani...

Obrigada por gostares de mim / escrita... (hoje estou com o ego insuflado...)

A injustiça faz parte do mundo, mas porque raio não nos conseguimos adaptar a ela de uma vez por todas e aprendemos a lidar com a "sacaninha" ?

Porque nos chateia e pronto.

E enquanto nos chatear...

Para mim a arte de viver é chatear-me. Mas também viver.E saber continuar. Nem sempre o faço, bem, mas faço. Mesmo que devagar.

:)(gigante)

I.