03 dezembro 2006


Eu sou como uma daquelas cidades internacionais. Melhor, a comparação ideal seria um daqueles enormíssimos aeroportos de grande tráfego internacional, onde se misturam todas as línguas, como se fosse uma grande cidade fervilhante, como se existissem pontes entre o Ocidente e o Oriente, novos e velhos mundos. Onde todos os pontos cardeais se unem. Aí tudo e todos convivem, as línguas misturam-se, os costumes e as crenças igualmente. Não passo de um desses universos paralelos à realidade, em que lentamente a verdade inquestionável do passar dos tempos vai demolindo, e, quebrando, também de passagem, as minhas inúmeras vidas. Na verdade, a minha vida não pesa mais que uma palha perante a grandeza do mundo. Recordo com fervor todos os momentos de egoísmo, os de fervor, os de heroísmo, os de sonho e os de sofrimento que vivi – os inconsequentes e os lúcidos. Esses também não devem nunca ser esquecidos. As descidas aos infernos mais profundos da minha alma mostraram-me tantas vezes que apenas me despojo do meu futuro e da minha dignidade e que me privo das alegrias mais simples mais vezes por opção própria que por consequências dos meus actos impensados. Perante isto, o que me resta agora? Apenas aguardar um amor tranquilo. Aquele que é o meu amor à espera, que no fim de contas será mais poderoso que a própria história. A minha e a dos outros.

27.11.2006

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