13 dezembro 2006

Tenho sonhado incessantemente com o nosso encontro. Mas sei de antemão que nada será como previ. Pois eu não tenho uma bola de cristal. E as minhas cartas estão guardadas no fundo da gaveta. Os meus sonhos não têm sido premonitórios para mim. Apenas antevejo o sofrimento ou os sorrisos dos outros. Nunca os meus. Os sonhos sem significados não têm cavalos, nem nada que supersticiosamente me possam realmente indicar que vens a caminho. Por isso basta-me fechar os olhos e fingir que estás aqui. Mas não estás. E em dias como este, em que não me basta fechar os olhos, e que não me basta a ternura que me detém perante o salto no vazio da solidão permanente, nestes dias, tão cheios de vazios, que também enchem em demasia, não me basto de nada. Sou rainha de um trono vazio de mim. Sou capitã de uma nau à deriva num mar vazio de ti. Sem cabo de Boa Esperança à vista. Sem novas terras, nem novos mares à minha espera para nos descobrirem enredados um no outro. E nestes dias assim nada é como sonho. Nada é como espero. Já nada é na minha vida como apenas sonhar fugir da solidão tão cutânea, e perder-me nos enleios olfactivos de quem te descobriu no mar ou no vento. Porque nestes dias assim nem a maresia te traz perdido no mar para que te possa perceber.

3.12.2006

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