19 dezembro 2006


Dar-me sem te receber em troca. Dar-me sem que te tenha, ainda assim, por entre os meus braços, e, as minhas pernas. Dar-te o que, ainda, tenho. Apenas o meu amor. Se te servir de alguma coisa. Aproveita-o. Usa-o. Mas depois não o deites fora. Guarda-o bem junto do teu coração, mesmo que seja num canto escondido de todos e de tudo. Um canto onde só tu saibas que lá estou. Que eu lá existo. E que não me esqueças. Mesmo quando já ninguém, nem nada, me souber, quando não for nada para mais ninguém. Apenas tu, só tu, me vais recordar ainda.

8.12.2006

2 comentários:

joão marinheiro disse...

Guardei um amor assim e tenho as mãos cheias de nadas. Valeu a pena?
Escreves maravilhosamente, já te deste conta que revelas o profundo do teu sentir...
Abraço enquanto o pai natal chines atarefado nos manda contentores de brinquedos e de sonhos feitos de outros sonhos desfeitos...

algevo disse...

querido joão,

quando se guarda um amor assim nunca se tem as mãos completamente cheias de apenas nadas. Hoje não consegues ver o que sobra dos amores assim. Mas é só hoje.E dir-me-ás um dia que vale sempre a pena.

Nunca creias, completamente, descobrir-me no que me revelo, porque nunca sou eu inteira, pois a palavra que mais me traduz é transmutação. Quase sempre. Mas é sempre profundo o meu sentir naquela hora de pôr os sentimentos em palavras. Sempre. Mesmo que depois já não seja eu.

E como creio mesmo no Pai Natal e principalmente no Menino Jesus, e, em toda a Sagrada Familia, sei que os contentores de sonhos e de brinquedos e de quinquilharias são as aparências. E embora os sonhos desfeitos, os meus, os teus, os nossos, os de todos, estejam presentes neste Natal e nos passados e também se antevejam já nos vindouros, sei, cá dentro, que o Menino Jesus e o Pai Natal me dá a melhor prenda todas as manhãs, depositadas na melhor e maior Árvore de Natal... a vida comemorada pelos meus filhos com beijos de bons dias.

Lamechas... eu sei. Mas é assim que hoje me sinto. E recuso-me (hoje) a vergar-me aos sonhos desfeitos.

Beijo daqui de onde o rio se junta com o oceano.

I.