25 dezembro 2006


Foi numa mola da roupa que redescobri o teu cheiro. Esta tarde, enquanto me via entre cuecas, meias e collants, assaltaste-me as narinas enchendo-me de novo com o teu odor. E esta tarde transformou-se numa noite, numa daquelas em que via o dia decrescer e aumentar de novo na intensidade e na luminosidade por entre os teus braços, e perdida no teu peito, sorvendo cada gota do teu cheiro, aspirando cada golfada do teu ar, enquanto o teu braço longo se fechava à minha volta e me aproximava de ti para te ouvir o bater do coração. A cama já não gemia. Nem eu. Apenas o teu cheiro ficava intacto no ar. E foi ele que me tomou esta tarde e me levou para aquele apartamento de paredes altas. Para aquela cama em que me fizeste, sempre mais, tua. Para a nossa praia em que os pés ficavas enterrados na areia húmida. E em que o teu cheiro me rodeava e me penetrava a pele. É dele que não consigo fugir. Não é de ti.

18.12.2006

2 comentários:

joão marinheiro disse...

Sabes...Saõ nas pequenas coisas que reconheço as grandes coisas...Um gesto, um toque das mãos, o afago do olhar, um sorriso, e mais importante mesmo, o cheiro, existem cheiros que jamais sairão de nós,ficaram entranhados como uma segunda pele, como te compreendo amiga minha.
Sabes. o vinho por cá ontem era verde, e tinto daquele que marca os lábios e os dedos...

algevo disse...

Eu ontem estive numa de branco para acompanhar o bacalhau e e a mim soube-me como se ele tivesse um travo amargo. Não percebi se do vinho se de mim, na realidade.

Quando me apresentaram, já noite acima, ao tinto a acompanhar a tábua de queijos já não fui a tempo de me tirar o gosto a fénico.
Mas o pai natal (emprestado) chegou e veio animar uma noite sempre feliz para os meus Principezinhos. E só por isso, valeu a pena. Embora o tinto fosse cheio e incorpado (como se quer num bom alentejano) não me pude encher.

Ainda bem que me entendes. Nlaguns dias sinto-me um ET.

Beijo daqui de onde o rio se junta com o oceano.

I.