04 dezembro 2006


Os meus encontros com o passado permitiram-me, por muito tempo, fugir de uma realidade que nem eu nem outros, que me acompanharam em tempos espaçados, quis enfrentar. Eu não possui a coragem de me encontrar a sós comigo própria. E assim, junto de alguém, obriguei-me a reviver hora a hora, segundo a segundo, repetitivamente os passados que vivi. Por minúsculos que eles fossem. Até à exaustão. E assim não tive que ruminar no futuro e encarar o que me esperava. Solitária.

28.11.2006

6 comentários:

Maria disse...

O único que me ocorre dizer, é que soltes a amarras do passado.Viver presa ao passado não te deixará ser feliz, sei do que falo.

Beijo

FF

algevo disse...

As amarras... nunca é fácil soltar as amarras do passado. Julgo ue não só para mim... soltar as amarras é como rumar ao desconhecido, largar tudo o que se tem por certo, mesmo que isso signifique muito pouco.

Mas sim... viver presa ao passado não nos deixa ser felizes. Mas (ou não existisse um mas...)entre um futuro desconhecido e que não sei o que me reserva á natural que me agarre ao passado, e como não sou um barco da época dos descobrimentos, não posso ir por aí a vogar rente a terra para não me perder em rumos.

Mas sim, no futuro está sempre a continuação. No passado estão apenas as lembranças.

Beijo.

I.

João Carlos Carranca disse...

Da realidade não se foje. Digere-se, aprende-se e vive-se. Um sorriso ao acordar dá um brilhozinho. Oh, se dá!

algevo disse...

jota: tens toda a razão... e não fujo. para-se a digestão de tudo o que seja para terminar. não se digere. não se enfrenta. não se olha, nem de frente, nem de lado, nem por trás nem de ângulo nenhum. e quando é assim não se aprende nada. apenas se desaprende. e não se vive. agarramos cada pedacinho do passado e tornamo-lo latente, presente, constante em todos os dias dos restos das nossas vidas. claro que só funciona nalguns dias e para algumas pessoas.

Hoje é um desses. é da chuva. é de não ver o mar. é do bulicio citadino. é da raiva constante. é de mim.

hoje não me apetece sorrir. não sorri. não esbocei nem um ligeiro trejeito da boca fingindo sorrir por fora e chorando por dentro. nem a esse trabalho me dei, tanta foi a chuva que me não amansou hoje.

é hoje.

PS. - empresta-me aí um pedacinho do teu acordar, já embalado com o sorriso e com brilho. manda-mo pelo correio.

hoje, só hoje sem beijos. sem mar. sem nada.

I.

Luís disse...

A catarse de que todos necessitamos. Para prosseguir. Senti-me eu próprio a olhar o passado...

algevo disse...

Luís,

quanto demorará para prosseguir, sem quaisquer amarras? Sabes?

Beijos.
I.