14 agosto 2006


Acentuado Esquecimento Nocturno

Amor,
não sei quem és, nunca te vi,
mas meu coração hibernará
para que o teu o escute,
e nos gomos destes lábios
não hão-de poisar palavras
até os teus beberem da sua sede.
E batalharei pelo que só
em teus olhos haverá,
E não te deixarei ceifar o riso
às aves clandestinas
que finges antes de adormeceres.
E se não vieres nem tarde,
e se por um lunário qualquer
eu medir pulsos à vida
e nela houver um
Acentuado Esquecimento Nocturno, –
Amor,
não sei quem és, jamais te vi,
mas não me libertarei
nem da química lágrima
nem da chuva ácida
nem do teu olhar.

In “ A Oeste deste Céu” de João de Mancelos

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