22 agosto 2006

Não gosto de despedidas. Não gosto de mudanças.
Mas como reparaste, ao longo da minha vida, já foram tantas, as mudanças e as despedidas – qual delas em maior número? – que acabei por ser feita apenas de melancolia e de nostalgia.
Hoje dei-me conta que fui estrangeira em todas as casas que habitei, em toda a minha vida. O que significa, por isso, que ainda não reconheci o meu lar.
Constantemente a ver-me forçada a partir, a recomeçar noutro lugar, a peregrinar continuamente em busca de ideais.
Percorri tantos caminhos que hoje a minha lembrança não tem lugar para tantos deles.
Mais grave. De tanto me despedir, de tanto beijar chão que deixo para trás, as minhas raízes secaram e passaram a existir apenas na minha memória.
Porque não tenho um lugar palpável para repousar as minhas mágoas ao fim do dia, as minhas tristezas ao longo da noite e apenas partilhar os meus risos e as minhas vitórias para sempre.
As minhas raízes foram inventadas, porque as outras, à conta de tanto serem mudadas, morreram.
E eu nada pude fazer por isso.
Mas continuo a saber, sempre a saber, que a minha vida vai continuar a ser pejada de mudanças.
Pior. De despedidas.
Mas tenho a vaga, muito vaga mesmo, esperança, de encontrar um lar.
Aquele lugar onde poderei deitar cá para fora as minhas raízes inventadas.

15.08.2006

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