14 agosto 2006


O passado tem uma mania absoluta de me assaltar a memória, arrastando-a para lugares que já não recordava muito bem.
O passado chega ao presente trazendo-me pedaços do passado, enchendo-me a vida, as lembranças e o corpo de saudades.
Enche por vezes o futuro de esperanças, também.
Mas o problema do passado é que não sei nunca quando ele vai chegar para me levar em mais uma viagem. E acima de tudo não sei se essa viagem me vai levar aos pedaços da vida que passou e me marcou pela positiva ou pela negativa.
Mas leva-me sempre que quer e quando quer. Porque não o comando.
E é ai nas noites em que ele chega de mansinho e me enche as mãos e o corpo de saudades tuas.
E é ai quando ele enche a cama, o quarto e a memória da tua falta.
É sempre à noite que ele chega, pelo menos para mim.
E é sempre à noite que acabo por te sentir a falta.
Porque a memória apenas me traz o vazio das tuas carícias, que não tenho agora. A noite apenas me traz a falta dos teus sussurros, das tuas mãos e da tua língua maliciosa que me enchia de soberba.
E não paro de recordar as conversas, as noites pendurados à janela a ver as luas profundamente cheias, como nesta noite.
E não me detenho quando penso na nossa praia ao fim do dia, quando o sol vai iluminar o outro lado do mundo.
E eu de pés enterrados, bem fundo na areia.
E era assim que a vida nos devia ter deixado na vida um do outro.
Mas o presente daquela altura não foi isso que nos destinou.
E hoje recordo o passado que tivemos juntos.
E encho as noites de suspiros, de memórias e lembranças de afectos perdidos nas noites cheias de solidão agora.
Vem encher-me também os dias…

11.08.2006

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